Reflexão Por: Ygor Coelho

Reflexão Por: Ygor Coelho

Reflexão por Ygor Coelho: Inveja, a doença da alma.

Inveja: a doença da alma.

Até ouvir uma palestra de Joaci Góes, advogado, empresário, construtor e membro da Academia de Letras da Bahia, eu considerava a inveja como coisa infantil. -”Deixe de ser invejoso, menino!” Eu desconhecia os livros sobre o assunto, inclusive da literatura mundial.

Na palestra, Joaci discorreu sobre episódios da política baiana, onde a inveja levava os “donos do estado” e “mandatários da política” a tentarem apagar nomes, conquistas históricas e até instituições seculares da Bahia. Não é diferente hoje, os exemplos estão à vista.

A inveja é um sentimento que se perpetua e é mais profundo em pobres de espírito e representantes do atraso.

Freud falou da inveja como produto de um ódio inconsciente, com raízes na infância, relações muito próximas com a raiva e com a depressão.

Já o padre Fábio de Melo numa de suas orações citou: “A inveja é um pecado capital porque é pior que a cobiça. O invejoso não deseja o que o outro tem, deseja apenas que o outro não tenha e não seja o que é.”

Em minha casa reclamam do meu isolamento. De fato, ando reservado e seletivo. Mas tenho respondido que eu me basto com poucos amigos. Amigos verdadeiros, gente solícita, prestativa, humanitária. Gente que veio ao mundo mais para SERVIR do que para se servir dele. Ajo assim depois que a idade me fez distinguir as pessoas de bom caráter daquelas de má índole.

AMO gente que sabe contemplar o belo, valoriza as pequenas coisas e CULTIVA O BEM. Gente que comemora e se alegra com a FELICIDADE alheia. Gente que nasceu para gerar FELICIDADE.

Na minha nova rotina tenho encontrado verdadeiros amigos, pessoas que nos transformam num ser humano MELHOR. É uma dádiva agregá-los à nossa existência.

Por outro lado, aqueles portadores de má índole, que vieram ao mundo para semear discórdia, não contam com a minha simpatia. De ingratos e invejosos quero distância.

Vade retro!

Compartilhe esta notícia

Reflexão Por: Ygor Coelho

O legado de Moacyr Simões

Por: Ygor da Silva Coelho

Moacyr Simões. Foi um dos primeiros jovens que conheci em Cruz das Almas ao vir estudar no Colégio Estadual Alberto Torres-CEAT, em 1964. Na época, o meu tio Maurício Coelho, estudante de Agronomia, era professor do colégio. Sabendo disso, até o final da sua vida, Moacyr Simões chamava-me carinhosamente de Titio Momó.

Moacyr era um jovem inquieto, um desbravador, incentivador. Fez o Científico no CEAT, Ciências Exatas na Universidade Federal da Bahia e, em seguida, decidiu enfrentar o curso de Direito.
Sempre disposto a ultrapassar fronteiras e enfrentar desafios, os títulos não lhe bastaram e ele se encaminhou para o jornalismo, tornou-se radialista. Conhecimento, vivência e dotes de comunicador não lhe faltavam. A princípio, na Rede Líder de Publicidade, do seu saudoso companheiro e amigo Silvestre Caldas. Mais tarde abraçou as emissoras de rádio da cidade e da região.
Durante um período, atuou como assessor de comunicação na Embrapa, mas o trabalho técnico com mandioca e frutas tropicais o limitava. Seus horizontes iam além da divulgação de resultados de pesquisa científica. E voltou ao rádio.
Se houvesse uma enquete na época, talvez fosse apontado como o radialista de maior audiência no interior da Bahia.
Suas matérias, às vezes, chocavam o público desacostumado com as notícias das camadas C e D da sociedade. Mas, ao mesmo tempo em que trazia notícias de correr lágrimas, recheava o programa com doçura e carinho, em especial com a população pobre e carente de atenção.
Nunca conversei com Moacyr sobre jornalismo, mas sempre me pareceu que a sua inspiração veio de Fernando José e do programa Balanço Geral, um formato de jornalismo entre o policial e comunitário que influenciou muitas emissoras de rádio e de TV do Brasil. Um formato que não só persiste, como evolui em audiência.
Sem uma emissora de maior potência, numa época anterior à popularização da internet, a visibilidade de Moacyr Simões era prejudicada, sendo mais ouvido no Recôncavo, onde ele passou a ser referência nas cidades e no campo.

  • Deu no programa de Moacyr Simões!
    Moacyr tinha uma forma irreverente e clara de comunicar, falava a linguagem do agricultor e agradava também os ouvintes da cidade.
    Fui surpreendido com o seu falecimento. Muitas vezes, sentamos lado a lado no ônibus da Breda Turismo, nas viagens de Cruz das Almas para Salvador. Eu ia a passeio e ele lutar por mais um título universitário, o de Bacharel em Direito pela UFBA.
    Suas paixões eram a família, as letras, a música e a comunicação. Era um artesão das palavras com o microfone em punho. Advogado por formação, radiojornalista por vocação, músico por prazer, tocava guitarra e violão.
    Durante seu tempo, Moacyr foi um referencial. Fosse hoje, diríamos que as notícias dadas por Moacyr viralizavam. Era um apaixonado pela comunicação, suas palavras no rádio traduziam a sua emoção. Naquele tempo, em Salvador se dizia: “Saiu na Tarde, é verdade”. Aqui, “Moacyr Simões era verdade e informações”.
    Se eu pudesse pedir algo ao Senhor por Moacyr Simões eu pediria que a sua voz ecoasse um dia magicamente nos auto-falantes da cidade para que os jovens de hoje conhecessem seu estilo. A Praça Senador Themístocles pararia para ouvir.

O radialista costuma ser testemunha da história, captura os momentos importantes da história, muitas vezes correndo risco de vida para nos informar, nos fazer pensar, divertir, sorrir. Assim foi Moacyr Simões, assim são muitos dos nossos radialistas de Cruz das Almas que, junto com Moacyr, eu homenageio com essa crônica.


Texto em memória de Moacyr Simões e dedicado aos radialistas da minha cidade.

Compartilhe esta notícia

Reflexão Por: Ygor Coelho

O desamor pela cidade…

Ygor da Silva Coelho

A primeira vez que ouvi falar em “mobiliário urbano” foi em Buenos Aires. Uma jovem pregava propaganda de uma hospedaria em área nobre e turística da cidade. De imediato, a polícia apareceu, explicou a proibição de sujar o “mobiliário urbano” e impediu a colagem.

Entende-se por “mobiliário urbano” os equipamentos instalados em espaços públicos para o uso da população: Pontos de ônibus, bancos de jardins, lixeiras, placas de sinalização e postes são alguns exemplos.

O “mobiliário urbano” também tem a função de embelezar a cidade. É lamentável que as pessoas não reconheçam o valor do bem público e que uma cidade bem cuidada torna o viver mais feliz.

Vou tomar Salvador como exemplo do desamor de parte dos habitantes, poderia ser qualquer de nossas cidades do interior.

Não sei se já foi inaugurada a recente reforma da praça em frente ao Teatro Castro Alves. Uma reforma para comemorar o Aniversário de Salvador. Mas os danos causados pela ignorância já são vistos: Postes pichados, colagens nos pontos de ônibus, vidros blindex, luminárias e tampas de bueiros roubados.

Contra esse mal é preciso um esforço coletivo. Se a cidade se embelezar, passamos mais tempo na rua, a tendência do mercado é vender mais, girar a economia, atrair novos negócios.

Aquele que maltrata o “mobiliário urbano” maltrata toda a sociedade e causa prejuízo ao Estado. Pela lei, a detenção é de seis meses. Que se cumpra a lei! Xadrex! Quero cidade bela para viver.

Compartilhe esta notícia

Reflexão Por: Ygor Coelho

Cruz das Almas em outros tempos

Por Ygor da Silva Coelho

Quando cheguei a Cruz das Almas para estudar no CEAT em 1964, sozinho e com apenas quinze anos de idade, apesar da boa acolhida, senti o peso da solidão. Eu havia deixado amigos e parentes em Ilhéus e Itabuna e o choque da mudança para um adolescente era previsível.

Mas Cruz das Almas, embora com pouco mais de 20 mil habitantes, tinha o seu diferencial e me cativou. Eu trazia um “vício” que se eterniza em mim: o cinema.
Aqui encontrei o cine Glória, depois chamado de Ópera, e nele me refugiava. Era um paraíso iluminado, na cidade de poucas luzes. O que faltava em conforto era compensado com a programação. Lembro-me de ter assistido no Glória, assim que cheguei, clássicos como “Os Pássaros”, “O Pagador de Promessas” e “Lawrence da Arábia”. Mais tarde, o memorável Dr. Jivago.

Também no cine Glória e no Cruz das Almas Clube apresentavam-se estrelas do rádio, do teatro e da tv brasileira, como Ângela Maria, Nora Ney, Jorge Goulart, Nelson Gonçalves, Virgínia Lane… Um sucesso à parte foi a vinda da orquestra mexicana Marimba Alma Latina, em excursão pelo Brasil.
Falei do cine Glória, mas outras salas existiram. Num certo período, por iniciativa da Agro Comercial Fumageira, foi inaugurado um cinema ao lado da fábrica Suerdieck, hoje um templo evangélico.
No anfiteatro da EAUFBA, atual UFRB, embora sem programação fixa, eventualmente eram exibidos filmes e peças. Ali assisti “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, clássico de Glauber Rocha.
Nesse meu pensar sobre a Cruz das Almas cultural, um evento é para mim inesquecível. Uma só vez na vida ouvi um concerto da Orquestra Sinfônica da Bahia-OSBA, com cerca de cem músicos. Ocorreu na cerimônia de posse da Sra. Gisela Suerdieck, como presidente da antiga Associação Comercial de Cruz das Almas.
Para se ter uma ideia da dimensão da OSBA, a orquestra já acompanhou concertos de nomes como Pavarotti e Montserrat Caballé. Além de realizar apresentações ao lado do Ballet Bolshoi (Rússia) e Ballet da cidade de Nova York.
Trazer hoje a OSBA e orquestras internacionais pode ser impossível. Mas me arrisco a dar sugestão aos organizadores de eventos na nossa cidade.
Sem desmerecer o popular, tragam de Salvador uma jovem como Eneida Lima, com o seu canto lírico, a Orkestra Rumpilezz, o maestro Fred Dantas… Músicos baianos com apresentações pelo mundo e que, certamente, nunca estiveram na cidade universitária de Cruz das Almas.

Vamos permitir à juventude conhecimentos, sonhos maiores e viagens até os clássicos e à arte dos gênios. São músicos que pouco custam, se comparados aos cantores populares que costumam frequentar o nosso calendário.

Hoje Cruz das Almas tem o triplo da população dos anos 1960, tem universidade, muitos cursos superiores, comércio vibrante e um público jovem e seleto.
Eventos clássicos contribuem para formar mentes curiosas e criativas, estimulam a imaginação e a capacidade de pensar criticamente.
Pensemos nisso. Como já pensamos num passado.

Compartilhe esta notícia

Reflexão Por: Ygor Coelho

Dr. Gerson: Um homem que sonhava e realizava

Por Ygor da Silva Coelho

Acredito nos homens que sonham alto. O médico e político GERSON DE DEUS BARROS era um cidadão que se enquadrava nessa categoria.

Lembro-me quando Deputado sonhava com a instalação de uma fábrica de suco de laranja em Sapeaçu-BA, cidade onde nasceu e foi prefeito em duas ocasiões. Para atingir seu objetivo, viabilizou uma área em local propício, com disponibilidade de água, trouxe empresários do ramo e representantes da sede do Banco Mundial para uma visita.

Presente à reunião, como especialista em citricultura, endossei as reivindicações do Dr. Gerson na certeza que seria um divisor de água na economia regional.

Infelizmente, fatores alheios à sua vontade impediram a execução do projeto.

O sonho mais alto do Dr. Gerson foi colocar Sapeaçu na lista das cidades candidatas a receber a fábrica Fiat de automóveis. Seu projeto chegou a ser citado em revistas de grande circulação nacional.

Apesar de todas as facilidades que o sonhador Dr. Gerson enumerou (disponibilidade de mão de obra, universidade, estradas, infraestrutura, proximidade do pólo petroquímico, do porto marítimo, do Rio Paraguassu e de cidades históricas), era impossível concorrer com grandes pólos industriais, como o de Pernambuco.

Mas sonhar é característica dos grandes homens. Pensar em Dr. Gerson de Deus Barros me remete a frase de Fernando Pessoa:
“Tenho em mim todos os sonhos do mundo.” Ele tinha, por isso construiu hospitais e clínicas, salvou vidas, atendia com atenção pobres e ricos. Há algo mais engrandecedor que salvar vidas?

Hoje, a Assembleia Legislativa do Estado da Bahia decreta três dias de luto pela passagem do Dr. Gerson, que foi deputado estadual em duas legislaturas. Falar da sua atuação encheria páginas.

A mim, como admirador e amigo, cabe dizer que nunca negou uma solicitação, fosse técnica, científica ou médica. Mais de uma vez o fiz deslocar-se à noite de Sapeaçu para atender um enfermo, gente simples:

  • Gerson! Conhece Galdino?
  • Sim! O mestre de obras!
  • Não está bem, você pode vir dar uma olhada?
  • Dê-me vinte minutos!

E em poucos instantes ele chegava a Cruz das Almas para ver o meu amigo Galdino.

Hoje ficamos pobres de ideias, partiu um sonhador. E estou triste porque o mundo carece deste tipo de homem. São esses que fazem a humanidade viver tempos melhores e a vida moderna.

Cristóvão Colombo, Henry Ford, Louis Pasteur, Adolf Lutz, Martin Luther King foram sonhadores de outros tempos que realizaram, viveram em terras férteis para as suas realizações. Dr. Gerson, mesmo tendo uma origem humilde, vivendo a dificuldade do interior baiano, alimentou seus sonhos, arregaçou as mangas e foi longe. Tornou-se médico, prefeito, deputado e construiu um vasto currículo. Em terras mais férteis teria ultrapassado muitas outras fronteiras.

É grande o meu pesar! Meu abraço aos familiares.

Compartilhe esta notícia

Publicidade

Mais lidas