O coordenador geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, disse hoje, em entrevista à TV 247, que existem pessoas no alto comando da Petrobras que não concordam com o programa de governo do presidente Lula e estão tentando desestabilizar o governo.
Segundo o dirigente sindical, a Operação Lava-Jato, hoje totalmente desmoralizada e desautorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), deixou marcas profundas dentro da Petrobras, entre as quais uma diretoria de Conformidade e Governança, ligada à área de Integridade Corporativa.
“Ontem participei de uma entrevista dentro da empresa por ter questionado o fato de um gestor da Petrobras ainda permanecer no seu cargo mesmo tendo participado do processo de venda da Refinaria Landulpho Alves, que foi vendida por menos da metade do seu valor”, relata Bacelar, destacando que quem precisa prestar depoimento e ser observado, analisado, investigado é esse gestor, e não ele, Bacelar, que é o coordenador da FUP.
“Esse gestor será investigado pela Controladoria Geral da União, então nada mais justo que ele, que ajudou em várias privatizações, seja afastado da sua atual função para dar explicações. Se ele ajudou em vários processos de privatizações dentro da Petrobras, o que é que ele está fazendo ainda numa gerência executiva da Petrobras? Qual o crime que eu cometi em falar isso?”.
Durante a entrevista, Deyvid destacou que exerce um mandato sindical garantido pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e pela Constituição Federal brasileira.
“Não faz sentido esse senhor permanecer na gerência executiva da Petrobras, assim como não faz sentido outros diretores como ele também estarem ainda ocupando outras diretorias”, frisou o coordenador da FUP. “Não vão me intimidar. O mandato que me foi dado como dirigente sindical é para denunciar tudo isso, a não ser que queiram ferir a Constituição e várias convenções da OIT. Não iremos permitir de forma alguma que isso aconteça”.
Deyvid Bacelar criticou ainda o “Tribunal de Exceção” que foi criado dentro da Petrobras. “Não nos dão sequer o direito de ter acesso ao processo. Fui acusado de quê? Não sei”, revolta-se, acrescentando que “a Justiça nos garante o direito de sabermos sobre quaisquer acusações contra nós: por que a Petrobras não faz isso? Estou num mandato sindical. Não era nem para eles terem me convocado, meu contrato está suspenso. Não devo nada. Não tenho subordinação nenhuma a qualquer gerente ou diretor da Petrobras”.
Ato em defesa da Indústria Naval
Petroleiros e petroleiras se reuniram para um ato que foi realizado no Centro do Rio de Janeiro em defesa da indústria naval, o coordenador da FUP lembrou que, “além de não termos plataformas, sondas e navios sendo construídos atualmente no Brasil, as plataformas que são encomendadas da China, Cingapura, Japão e Coreia do Sul são afretadas, ou seja, não são próprias da Petrobras.
“É como se fossem alugadas. A Petrobras paga para alguém construir e paga para alguém operar aquela plataforma. Um absurdo. Nós temos aqui navios e plataformas, na costa brasileira, em que mais de 70 por cento da tripulação não são brasileiros, e a fiscalização do Ministério do Trabalho é precária para chegar em alto mar. Temos diversas situações de trabalho precarizado”, revelou.
Bacelar destacou ainda a importância de o Brasil investir em soberania energética. “Nem mesmo os Estados Unidos da América do Norte permite que os seus navios sejam construídos fora do país, nem tampouco que a tripulação que comanda esses navios em toda a costa norte-americana seja de estrangeiros. A qualquer momento, se esses países que controlam esses navios quiserem boicotar o Brasil, energeticamente falando, eles assim o farão”.
“Se os Estados Unidos pensam dessa forma, por que nós, brasileiros, não fazemos o mesmo?”, questionou.
“Vamos pressionar a Petrobras e o Governo Federal para que a indústria naval seja revitalizada, gerando emprego e renda no Brasil, e não na China, Japão, Cingapura ou Coreia do Sul.
É preciso que esses afretamentos sejam inibidos. Que pelo menos essas plataformas que a Petrobras encomenda lá fora tenham tripulação brasileira. As pessoas que cuidam desses processos estão atrapalhando o governo. Elas precisam ser substituídas porque senão o presidente Lula vai chegar em 2026 e não vai conseguir entregar nenhum navio”.
Sobre a falsa crise na Petrobras, relacionada com os acionistas e divulgada pela grande imprensa nacional, Bacelar disse que recebe essas notícias com indignação, visto que a Petrobras acabou de conquistar o segundo melhor resultado da história em valor de mercado e um lucro líquido de R$124 bilhões.
“Isso foi alcançado sem sangrar o bolso do cidadão e da cidadã (os preços não são mais abusivos como eram durante o governo Bolsonaro), sem vender um único ativo da empresa (a Petrobras conseguiu se reinventar graças à motivação de sua própria força de trabalho, que voltou a trabalhar com entusiasmo, acreditando no novo governo).
“Essas notícias que buscam desestabilizar a Petrobras, sem reconhecer o sucesso da nova gestão, só interessam ao Partido da Imprensa Golpista, o chamado PIG, como falava o saudoso jornalista Paulo Henrique Amorim”.
“Parabenizamos a nova gestão da Petrobras, que vem reduzindo a distribuição de dividendos para os acionistas. Em 2021 e 2022, os acionistas receberam em média mais de 100 por cento do lucro líquido da Petrobras. Nenhuma empresa no mundo fez isso, somente a Petrobras pagou dividendos dessa monta”.
Hoje, segundo Bacelar, estão sendo distribuídos aos acionistas 45% do fluxo de caixa livre, que é um percentual ainda muito alto, por isso queremos que seja reduzido mais ainda. “Eles estão reclamando de quê?”, pergunta o dirigente.
Pesquisadores do Inep realizaram um estudo e constataram que entre as maiores petroleiras do mundo (Shell, Total, Exxon Mobil, Chevron), a Petrobras foi a que mais distribuiu dividendos para seus acionistas. “Tem de diminuir o pagamento de dividendos para que possamos ampliar ainda mais a capacidade de investimento da Petrobras, que já aumentou em 23%, se compararmos 2022 com 2023. As mudanças estão vindo!”, festejou o coordenador da FUP.
Compartilhe esta notícia