O Instituto Fogo Cruzado registrou 792 tiroteios com 759 vítimas no primeiro semestre de 2023 em toda Salvador e região metropolitana. Em média, foram 132 tiroteios por mês e aproximadamente quatro por dia entre janeiro e junho de 2023. Em comparação com o semestre anterior, que concentrou 753 tiroteios com 663 baleados, a incidência da violência só aumentou. De lá pra cá houve um aumento de 5% no número de tiroteios e 14% no número de pessoas baleadas.
O aumento da letalidade chama atenção para o período. De acordo com o Relatório Semestral do Instituto, do total de vítimas mapeadas neste semestre (759), 598 pessoas foram mortas, o que compreende um aumento de aproximadamente 20% em comparação ao semestre anterior, onde foram registradas 499 mortes nos 753 tiroteios registrados.
O número de feridos neste semestre teve uma leve redução em relação ao semestre anterior. De janeiro a junho deste ano foram registradas 161 pessoas feridas por arma de fogo, uma redução de 2% no número de feridos.
Ações e operações policiais
Do total de tiroteios registrados neste semestre (792), 285 ocorreram durante ações e operações policiais, que culminaram na morte de 207 pessoas e deixaram 45 feridas. Esses casos correspondem a aproximadamente 36% do total de tiroteios no período informado. No semestre anterior, onde foram registrados 753 tiroteios, 244 deles ocorreram durante ações e operações, deixando 172 pessoas mortas e 48 feridas.
“O que nos chama atenção, além do aumento da letalidade em relação ao semestre anterior, é a decisiva participação dos agentes de segurança na produção da violência armada na região pesquisada. As operações policiais são um vetor da violência armada na Bahia.
Isso aparece nos dados sobre ações policiais, perseguições com tiroteios em vias públicas e ainda a participação de agentes em quase 67% das chacinas ocorridas, e 64% das mortes resultantes desses eventos”, afirma Dudu Ribeiro, cofundador da Iniciativa Negra por Uma Nova Política de Drogas, e coordenador da Rede de Observatórios da Segurança na Bahia.
“Isso mostra que a violência armada na cidade de Salvador e região metropolitana têm participação decisiva dos agentes de segurança pública e que continuamos privilegiando enquanto Estado a lógica do confronto e da produção sucessiva de mortes em detrimento da prevenção e proteção dos territórios”, reforça Dudu.
Balas perdidas
O estudo aponta que 30 pessoas foram atingidas por bala perdida entre janeiro e junho de 2023: nove pessoas foram mortas e 21 ficaram feridas. Em comparação ao semestre passado, onde foram registradas 21 baleados, houve um aumento de 43% no número de pessoas baleadas.
Disputas
Neste semestre, 93 tiroteios foram registrados em meio a disputas, que resultaram na morte de 60 pessoas e deixaram 29 feridas. Vale ressaltar, que o Instituto Fogo Cruzado considera tiroteios em disputa os que envolvem grupos armados, incluindo milícias, entre outros grupos. No último semestre de 2022 foram registrados 104 tiroteios, com 45 mortos e 28 feridos.
Perseguições
Dos 792 tiroteios registrados de janeiro a junho deste ano, 64 deles ocorreram em meio a perseguições, onde 42 pessoas foram mortas e nove ficaram feridas. No semestre anterior, foram registrados 58 tiroteios em perseguições, que deixaram 48 pessoas mortas e 10 feridas.
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