Um homem suspeito de participação no assassinato da líder quilombola e ialorixá Mãe Bernadete, na noite de última quinta-feira (17), está sendo procurado pela polícia.
Segundo informações passadas por uma fonte ao G1, as ameaças se intensificaram nas últimas três semanas. A liderança reclamava da presença de um homem que morava perto da sua casa e tentava vender terrenos no quilombo.
De acordo com a publicação, esse homem ostentava armas e teria chegado na comunidade, inicialmente, como um prestador de serviços. No entanto, pouco tempo depois se mostrou interessado em comercializar terras e mantinha ligação com envolvidos em extração de madeira ilegal.
“Suspeitamos que tenha havido um conluio entre esse invasor dos terrenos no quilombo e um policial que está por trás da exploração clandestina de madeira”, disse. O homem é apontado, inclusive, como responsável por cortes de energia que aconteceram no imóvel momento antes do crime.
Pessoas da região acreditam que o corte de energia tenha sido causado para prejudicar o funcionamento das câmeras de segurança. A suspeita é de que esse morador tenha servido como espécie de “olheiro” para os executores do crime.
Em nota, a Polícia Civil informou que realiza diligências contínuas para apurar o crime. Porém, detalhes sobre as investigações não são divulgados para preservar o andamento da apuração.
FAMILIARES RETIRADOS DE COMUNIDADE QUILOMBOLA
A secretária de Promoção da Igualdade Racial do Estado da Bahia, Ângela Guimarães, disse neste sábado (19) que os familiares da Mãe Bernadete foram retirados da comunidade Quilombo Pitanga do Palmares como medida de proteção. A informação foi dada em entrevista à Agência Brasil. De acordo com Ângela, equipes da pasta e policiais estão na comunidade para dar segurança aos moradores.
“Estamos dando todo o acolhimento. Obviamente a comunidade está assustada, porque ninguém esperava uma situação tão brutal e tão torpe. Estamos com a presença da Polícia Militar e retiramos os familiares para eles não ficarem na comunidade. Também estamos identificando as pessoas que necessitem dos programas de proteção a vítimas e de defensores de direitos humanos”, disse Ângela após o sepultamento.
A secretaria informou que as investigações estão em curso e que há uma determinação do governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, para uma apuração rigorosa por parte das polícias Militar e Civil para descobrir os autores e possíveis mandantes do crime. A Polícia Federal também abriu inquérito para investigar o caso.
ONU SE MANIFESTA
O assassinato da líder quilombola e ialorixá Mãe Bernadete repercutiu internacionalmente. A ONU Mulheres se manifestou condenando o crime e cobrando rigor das autoridades brasileiras nas investigações.
“Garantir a plena responsabilização e a reparação integral são elementos fundamentais para pôr fim ao ciclo de violação de direitos humanos contra as mulheres como Mãe Bernadete Pacífico. Por isso, a ONU Mulheres Brasil insta o Estado brasileiro, em todos os níveis, a investigar, julgar e punir com perspectiva de gênero e raça o assassinato de Mãe Bernadete Pacífico, e com pleno reconhecimento do seu papel como liderança religiosa e defensora de direitos humanos”, diz a organização em nota.
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