Nascido em Senhor do Bonfim, onde chegou a ser cotado como pré-candidato a prefeito, o deputado estadual Raimundo Nonato Tavares, o Bobô (PCdoB), eterno ídolo da torcida do Esporte Clube Bahia, apresentou um projeto de lei na Assembleia Legislativa que confere ao município o título de Capital Baiana do Forró. A proposta, que começou a tramitar esta semana na Assembleia Legislativa, tem tudo para se tornar polêmica às vésperas do São João, afinal parlamentares que representam outras cidades baianas com tradição em promover grandes festas juninas, tradicionalmente embaladas pelo ritmo, devem se queixar.
Bobô justificou o projeto alegando que Senhor do Bonfim já é informalmente conhecida como a Capital Baiana do Forró, “por suas tradições e cultura”, sobretudo no período junino, quando os forrozeiros ficam em maior evidência. Segundo o parlamentar, o município “possui no forró uma das expressões mais marcantes dessa identidade cultural”. “As festividades exercem profunda relevância na vida dos bonfinenses, representando não apenas uma forma de lazer, mas também um símbolo de identidade e pertencimento”, acrescentou.
Deputados votados em municípios como Cruz das Almas, Santo Antônio de Jesus, Amargosa, Mucugê, Candeias, Ibicuí e Lençóis, só para citar como exemplo algumas localidades com festejos juninos tradicionais e fortes, onde se toca muito forró, prometem questionar o projeto. “Não quero entrar nessa polêmica agora, para não ficar parecendo que sou contra Senhor do Bonfim e que defendo apenas uma única cidade, pois o São João acontece em toda a Bahia. Mas esse projeto deve ter dificuldade em prosperar. Ele pode até ser justo com um município, mas, na mesma medida, é injusto com outras centenas”, comento um deputado da base governista.
As festas juninas embaladas pelo forró, seja ele no estilo mais antigo ou mais novo, fazem parte da cultura dos 417 municípios da Bahia, mesmo nas cidades que não são conhecidas por organizarem grandes festas para a ocasião. De acordo com historiadores, o São João foi trazida para o Brasil pelos portugueses, ainda durante o período colonial, sendo uma homenagem a São João Batista, primo de Jesus Cristo. Já o forró surgiu em meados da década de 1930, popularizando-se por volta dos anos 1950 por todo o Brasil através do poeta, cantor e compositor Luiz Gonzaga (1912 -1989), que convencionou o formato do trio composto pelos instrumentos musicais sanfona, zabumba e triângulo.
Desde o ano passado, se tornou usual na Assembleia os deputados apresentarem projetos conferindo títulos a municípios. O primeiro, que já virou lei, proposto pela deputada Ludmilla Fiscina (PV), tornou Alagoinhas a Capital Estadual da Cerveja. Este ano, a Assembleia aprovou o projeto do presidente da Casa, deputado Adolfo Menezes (PSD), que fez de Ipirá a Capital Estadual do Couro.
Via Toda Bahia
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