Por: Ygor Coelho
“Com a roupa encharcada/A alma repleta de chão/Todo artista tem de ir aonde o povo está…”
Milton Nascimento canta assim e foi assim que conheci as obras de DINA GARCIA. Suas pinturas estavam no chão, num passeio do Bairro do Santo Antônio Além-do-Carmo, no centro histórico de Salvador, sendo admiradas por turistas. Parei para apreciar e me ocorreu uma surpresa maior: surgiu a jovem e vistosa pintora de grandes olhos verdes. Era DINA GARCIA, minha conterrânea de Cruz das Almas.
Expor seus quadros no Pelourinho era “buscar o caminho que vai dar no sol”, como continua a dizer Milton na melodia “Bailes da Vida”. Dina buscava o sol, já que na nossa cidadezinha não há potencial para o mercado de arte.
Foi o chão do Pelourinho que me aproximou de DINA GARCIA, apesar de morarmos na mesma cidade do interior. Passei a visitar o seu ateliê e, vendo o seu trabalho, viajei até os quadros de Henri Matisse, Di Cavalcanti e Carybé, três dos pintores que mais a inspiraram.

As cores fortes e vibrantes que DINA usa nos remete a Matisse. As mulheres voluptuosas, afrodescendentes e baianas, nos lembram Di Cavalcanti e Carybé.
Por conta da exposição no Pelourinho, dos turistas e estrangeiros que a conheceram, DINA GARCIA tem apreciadores da sua pintura espalhados em todos os continentes e já foi vista em exposições por toda Europa.
O período de pandemia fez DINA recuar das ruas e fechar o seu ateliê, na Avenida Getúlio Vargas, em Cruz das Almas. Hoje eu a visitei, mas DINA, como todo artista, não é de fácil contato. O ser iluminado é diferente dos comuns e é preciso compreender que há momentos em que eles estão envolvidos pela sensibilidade e por uma forma de entender o universo que só os artistas possuem.
Talvez DINA GARCIA não queira e não precise destas minhas palavras, já que sobre ela há relatos de especialistas e curadores internacionais. Insisto porque Cruz das Almas e a Bahia precisam reverenciá-la, por ser um nome aplaudido e que circula em muitos outros lugares. Não pode ser uma quase desconhecida entre nós!
Sem desmerecer outros grandes e premiados artistas da cidade (espero um dia escrever sobre eles), julgo DINA GARCIA a mais internacional artista plástica desta terra na atualidade. Em Viena, sob a direção da Baronesa Jiselda Salbu e do Sr. Hans Arnt Salbu, participou de exposição com artistas de onze países: Albania, Alemanha, Áustria, Canadá, India, Itália, Luxemburgo, México, Noruega, Portugal e Reino Unido.
Arte é emoção. E a história de Dina, as pinturas de Dina, a alma encharcada de chão, como disse o poeta, me emocionam. Se DINA GARCIA ainda não é reverenciada no seu Estado, não tenho dúvida que amanhã terá uma História de Sucesso. Como são tantos artistas famosos que, a princípio, lutavam para vender uma pintura no chão de uma feira livre e hoje seus quadros valem milhões!
DINA GARCIA precisa estar no futuro museu da sua cidade, precisa estar presente nos museus da Bahia!————–
P.S: Quadros de Dina na minha sala.

Compartilhe esta notícia
Aviso: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Jornal Zero75. É vetada a postagem de conteúdos que violem a lei e/ ou direitos de terceiros. Comentários postados que não respeitem os critérios podem ser removidos sem prévia notificação.