O Brasil registrou no último sábado (20), o primeiro caso de cólera dos últimos 18 anos. A infecção intestinal aguda causada pela bactéria Vibrio cholerae foi identificada em um paciente de 60 anos, na cidade de Salvador. A doença foi confirmada por testes laboratoriais.
A enfermidade, que é transmitida principalmente por água ou alimentos contaminados, ainda é uma tema iniciante nos debates de órgãos de saúde, por ser considerado atípico no país. Diante disso, a reportagem do Bahia Notícias, parceiro do Jornal Zero75, conversou com a secretária de Saúde municipal e vice-prefeita de Salvador, Ana Paula Matos, para saber como a pasta monitora a doença na cidade e como está sendo a atuação do órgão.
De acordo com Ana Paula, equipes do Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS) da capital baiana analisaram o caso em conjunto com o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) e com a saúde de Camaçari, já que o paciente trabalha no município da Região Metropolitana de Salvador (RMS).
“Estamos [acompanhando] sim. Esse caso foi identificado numa instituição privada. Imediatamente, o nosso CIEVS, que é quem acompanha essas situações, foi notificado. A gente entrou em contato com o Lacen Estadual, que faz a avaliação. Identificado o caso como positivo entramos em contato com o Ministério da Saúde. Neste caso, são duas cidades envolvidas, pois ele [o paciente] mora em Salvador, mas passa boa parte do seu dia, talvez a maior parte produtiva em Camaçari. Então, por isso, não é nossa responsabilidade ter a coordenação disso, nem de Salvador nem de Camaçari, é do Estado”, explicou Matos.
A secretária explicou ainda que, após a constatação do caso, foi feita uma avaliação na casa do paciente infectado, na água de sua residência, em outros espaços com familiares dele e no local de trabalho, para apurar se há uma outra suspeita de contaminação. No entanto, ainda não foram encontradas evidências adicionais de transmissão e a situação é tratada como isolada.
“O ministério fez uma reunião esta semana com o estado e com os municípios e emitiu uma nota inicialmente informando que era um caso isolado. Foi feita a avaliação da água da residência dele. Vendo que estava tudo tranquilo, estão vendo agora nos outros espaços familiares dele e de trabalho se existiria alguma outra forma suspeita de contaminação […]”, disse Ana Paula.
A titular da SMS apontou que “investigações mais profundas” estão sendo realizadas para identificarem se há algum indício de contaminação. Segundo a secretária, o órgão emitiu um comunicado para a rede de saúde pública municipal orientando os profissionais em casos de sintomas suspeitos da cólera.
“[…] Os contactantes [do paciente contaminado] de modo geral não tinham a doença. Ainda assim eles estão fazendo investigações mais profundas, se tiver ainda vai ser um caso considerado individualizado e localizado. A nossa equipe está participando, a coordenação é do ministério com a Secretaria de Saúde do Estado. Hoje o que mandamos para a nossa rede foi um comunicado dizendo, que se chegar outras pessoas com diarreia líquida, a gente deve encaminhar para a devida averiguação. Por enquanto isso não está acontecendo na rede”, revelou Ana Paula.
Conforme foi informado antes pelo Ministério da Saúde, o homem não possui histórico de viagens para países onde a cólera é endêmica, nem teve contato conhecido com outras pessoas infectadas. Entretanto, é investigada a possibilidade de alguma contaminação direta, como explicou a vice-prefeita.
A chefe da saúde da capital baiana, pregou cautela e disse que a nota técnica do governo federal tranquiliza as autoridades locais.
“Vamos continuar trabalhando. O Brasil não tem hoje a lógica da cólera. Então foi verificado que se ele tivesse viajado para algum lugar, é possível que tenha acontecido algum tipo de contaminação direta. É isso que está sendo investigado. Se chegar qualquer caso suspeito, a rede está orientada já a fazer o encaminhamento para os exames laboratoriais. Por enquanto a nota do ministério nos tranquiliza, mas continuamos acompanhando”, observou.
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