O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve fechar 2022 com alta de 3%, ante 4,68% registrados em 2021, de acordo com as estimativas do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre). O indicador oficial, que mede o nível da atividade econômica, será divulgado nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas analistas já preparam o terreno para dados que confirmem uma desaceleração da atividade no 4º semestre, que deve se estender ao longo de 2023.
Inflação e juros altos, dissipação do impulso da retomada pós-pandemia, renda baixa e menor disposição para o consumo, são alguns dos motivos listados para explicar o crescimento mais tímido. A atividade econômica vem apresentando sinais de desaceleração desde o 3º trimestre do ano passado, quando a economia avançou apenas 0,4%, a expectativa é de que no 4º semestre essa variação possa vir menor ou até mesmo no campo negativo.
Uma nota, divulgada em dezembro pelo então Ministério da Economia, apontava que a economia brasileira cresceria 3%, mesmo se a atividade econômica ficasse estagnada no 4º trimestre. No entanto, o mercado tem apresentado projeções um pouco mais pessimistas. O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) medido pelo Banco Central, considerado um indicador prévio de desempenho do PIB, encerrou acumulando alta de 2,90%, um pouco abaixo do desempenho estimado.
O economista do Banco Original Eduardo Vilarim afirma que se enquadra nesta visão um pouco mais pessimista. “Eu imagino uma queda de 0,1% no 4º trimestre e, com isso, fecharia o ano com uma alta de 2,9%. Algumas casas estão um pouco mais otimistas e apontam para um PIB um pouco mais constante no 4º trimestre, em 0%, e outras apontam uma alta de 0,1%. Eu me coloco na ponta um pouco mais pessimista”, diz. Vilarim atribuiu a desaceleração no último trimestre a alguns fatores: “Indústria e comércio, sobretudo o varejo, foram duas atividades que contraíram bastante no 4º trimestre. Você consegue atribuir esse efeito a vários fatores diferentes, política monetária, por exemplo, é um dos maiores fatores negativos para a atividade.”
Segundo o economista Claudio Considera, coordenador do Núcleo de Contas Nacionais (NCN) do FGV/Ibre, o maior impacto da variação em comparação a 2021 vem de um crescimento inflado pela retomada da pandemia. “Podemos atribuir essa desaceleração muito grande a um crescimento sobre um número que tinha ido muito mal no ano anterior, com a covid-19. Com a retomada das atividades presenciais e o fim do isolamento social, o setor de serviços avançou bastante e de certa forma este é o setor mais importante, por representar a maior parcela do PIB. Isso puxou as demais atividades”, afirma.
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