O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já está morando no Palácio da Alvorada. Deixou de ser um sem teto, finalmente. A mudança ocorreu na segunda-feira passada, exatos 36 dias após a posse. Até então, ele e Janja, a primeira-dama, estavam morando em um hotel de luxo na região central de Brasília, desde o início dos trabalhos de transição do governo, no final de novembro.
A demora para a mudança foi atribuída à situação da residência oficial encontrada pelo novo presidente da República. A primeira-dama chegou a convidar a reportagem da Globo News para uma visita ao local, quando foram mostradas infiltrações nas paredes, janelas quebradas, tapetes rasgados, móveis danificados. Na mesma situação, informou o governo, estava a Granja do Torto, a outra residência oficial do presidente, uma espécie de casa de campo, que fora ocupada no governo anterior pelo ministro da Fazenda, Paulo Guedes.
Lula, porém, nunca deixou de se queixar da situação. Por diversas vezes disse, em tom de brincadeira, que era o único presidente do mundo que não tinha onde morar. A última reclamação foi no dia 31 de janeiro, durante a cerimônia de assinatura dos decretos que criam o Conselho de Participação Social e o Sistema de Participação Social Interministerial.
No início do discurso para representantes de movimentos sociais, Lula disse que não aguentava mais morar em hotel e que eles precisavam ajudá-lo a reivindicar o direito de morar:
“Eu, na verdade, sou um sem-casa, um sem-palácio. Vocês precisam me ajudar a reivindicar o direito de morar. Porque já faz mais de 45 dias que eu estou no hotel, e não é brincadeira”.
E emendou com um recado, em tom de brincadeira, ao chefe da Casa Civil: “Lembrar ao Rui Costa que eu preciso morar. Se não, vou abandonar minha causa daqui para frente”.
É quase certo que Lula não sabia, mas, para os bem informados, foi como falar em corda na casa de enforcado. É que Rui Costa, que governou a Bahia até o dia 31 de dezembro, até hoje, passados 40 dias, ainda não desocupou o Palácio de Ondina, a residência oficial dos governadores baianos.
O novo governador, Jerônimo Rodrigues, segue morando em seu próprio apartamento no Caminho das Árvores, bairro nobre de Salvador, distante 10 km do Palácio de Ondina. Até hoje, porém, ao que se sabe, não fez nenhuma reclamação pública sobre sua condição de sem-teto, ou melhor, sem-palácio.
O governador da Bahia aguarda pacientemente que o antecessor, seu padrinho político, a quem deve o cargo, se decida a, finalmente, arrumar as malas e mudar-se do palácio. Mas, no íntimo, deve dizer todos os dias: “Desapega, Rui!”
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