O ataque à escola em Barreiras que terminou com uma estudante cadeirante morta poderia ter terminado de maneira ainda mais trágica, mas a imperícia do estudante de 14 anos que cometeu o crime evitou um cenário pior, afirmou o delegado Rivaldo Luz, que investiga o caso. Geane da Silva de Brito, 19 anos, morreu no local. “Eu acredito que a cadeirante estava no lugar errado, na hora errada. Quando ele começou a atirar, as pessoas começaram a correr. Infelizmente, ela foi uma presa fácil para o assassino”, avaliou o delegado, em entrevista à TV Bahia. O atirador foi baleado por uma pessoa ainda não identificada.
O delegado diz que a arma falhou e, além disso, o adolescente não agiu tão rapidamente. O fato dele ter começado a atirar já na entrada da escola também permitiu que os alunos corressem mais livremente.
Ele lembra ainda que o atirador também estava com um explosivo caseiro que não foi usado. Equipes do COE e do Exército desmontaram o explosivo ainda ontem. “Ele tinha mais munições, mais instrumentos cortantes, poderia fazer um estrago bem maior”.
Segundo a investigação, o estudante já planejava o atentado há algum tempo – nas redes sociais, ele falava que estava há três anos se preparando. A ação foi programada para ontem. Ele é um aluno introspectivo, que conversava pouco, gostava de usar “roupas pretas e fazer comentários racistas nas suas escritas. Entendemos que ele programou isso, chegou às 5h, preparou para entrar no colégio, já entrou atirando. Ele não tinha um alvo fixo, tentou acertar o maior número de pessoas possíveis.Infelizmente a vítima era deficiente física, cadeirante, então não teve condição de reagir”, diz.
O revólver usado pelo atirador é do pai, um subtenente aposentado do Distrito Federal. O pai já foi ouvido e contou que guardava a arma em casa, mas não sabe como o filho conseguiu ter acesso. No depoimento, ele contou que apesar de um comportamento relativamente antissocial, o filho não tinha problemas e não sabe o que teria motivado o ataque. “Ele disse que o filho era introspectivo, calado, tinha poucas amizades. Mas era um bom menino. Tirava boas notas, embora relatasse que ele faltava muito às aulas e tinha dificuldade de fazer amizades. Cuidava inclusive de um tio que era cadeirante”, explica o delegado.
Por ser dono da arma, o pai pode responder também, diz o delegado. “O dever de cautela do portador da arma, o que tem autorização legal. A situação de cuidado da criança, vamos avaliar isso com bastante calma”.
Agora, a polícia investiga se o ataque na escola de Barreiras tem relação com outros casos. Nas redes sociais, o atirador fala de um ataque em escola similar que foi frustrado em Vitória (ES). O delegado Rivaldo diz que está em contato com autoridades de outros estados, porque há incídios de relação com outras situações do tipo. “Estamos investigando para conseguir entender motivos, a forma, se alguém financiou, incentivou de alguma forma, e participou desse atentado”, afirma. “Essa investigação ainda está bem embrionária, mas a gente tem indício sim da participação dele em outros estados”.
De onde partiu tiro
A escola não tem câmeras, mas imagens de câmeras que ficam do lado de fora já foram recolhidas para ajudar nas investigações. Elas podem ajudar a identificar a pessoa que atirou no agressor. Baleado três vezes, o adolescente segue internado sob custódia policial no Hospital do Oeste. O estado de saúde dele é grave, mas estável.
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