Reflexão Por: Ygor Coelho

Por que tanto desamor?

Ygor da Silva Coelho 

Eu vivo em você.  Você me abrigou quando eu estava sem destino. Minha antiga cidade já não me dava futuro, eu vim para cá e coloquei você na vida. Você me deu estudo, conhecimento, profissão, trabalho. Você Cruz das Almas me deu o pão de cada dia, alegrias e luxos que um dia eram sonhos.  Será que eu tenho retribuído com gratidão? 

Essa é uma pergunta que nós, cruzalmenses, deveríamos nos fazer. Gerações passadas nos presentearam com ruas largas, praças e bosques. E a natureza abençoou com chuva na medida certa, noites amenas, sol no verão, outono de frutas, primaveras floridas. E eu? O que faço por Cruz das Almas?

Lamentavelmente, ao caminhar pela cidade não há muitos sinais de amor à terra. A palavra ingratidão pode ser forte, mas o que dizer de passeios quebrados, de árvores quase centenárias condenadas à morte por ervas daninhas, de publicidade sem serventia penduradas há décadas nos postes. Eu escrevi décadas, mesmo!

Há placas cujas letras já não se lê de tão desbotadas. Exemplo? Uma escola de natação já não existe, mas a feia placa permanece no poste há 20, talvez 30 anos. 

Há pouco tempo o bom senso fez  retirar uma placa que sujava a mais bela rua da cidade, a Crisógno Fernandes. Antiga, desbotada e obsoleta, ela anunciava: “Faço dentadura”. Totalmente sem serventia, porque a modernidade odontológica já sepultou a dentadura. E, de tão velha, o protético anunciante também já é sepultado no jardim da saudade. Deus o tenha!

Numa rua do centro um fio arriado incomoda pedestres há meses. O risco de acidente é grande. Pertence à  Claro? TIM? Oi? Até quando permanecerá estendido na calçada? 

A praça principal é imensa, mas muitos preferem estacionar o carro em frente à Catedral e até na rampa de acesso para cadeirantes. 

Enquanto caminho, vejo pessoas que fazem foto ao lado do painel “AM♡ CRUZ DAS ALMAS”. A foto fica linda para jogar no Instagram e no Facebook. O que não fica lindo é jogar lixo na rua, depositar entulho na calçada, fazer da rua esgoto e pregar cartazes em bens públicos.

Há exceções! Sim, há exceções. Mas os ingratos são em maior número. Ingratos de todos os níveis, graduados e não graduados, analfabetos e doutores. 

Ao viajar pelo mundo, admiramos a beleza de San Francisco, Gramado, Campos do Jordão, Bariloche… 

– Que limpeza! Que maravilha! 

Voltamos deslumbrados, mas não aprendemos as lições e continuamos a jogar lixo na via pública.

O que será que nos falta? Inteligência? Consciência? Sentimento de gratidão? Educação? 

Perdoe-nos, Cruz das Almas!

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