“Eu libero você de fazer o trabalho, mas vamos sair comigo” Foi a mensagem que Larissa* recebeu de Elisandro Lotin de Souza, seu professor, enquanto participava de uma aula online do curso de direito da Associação Catarinense de Ensino.
“Escutei coisas como ‘delícia’ e ‘você está muito deliciosa com essa roupa'”, conta Paula. “Gostosa”, “linda”, “ai se eu tivesse 20 anos a menos”, “aqui não sou o professor, sou o homem”, foram algumas mensagens que ele enviou a Juliana* pelas redes sociais. “Ele ia até meu local de trabalho levar livros e puxar assunto. Se eu não atendesse, ameaçava ferrar comigo”, conta Mariana.
Pouco depois, elas descobriram que outras colegas também eram alvo do assédio do professor Lotin, que incluía o envio de fotos dele seminu e comentários constrangedores nas aulas presenciais. Após dividirem suas histórias, um grupo de mulheres entre 19 e 43 anos decidiu denunciar Lotin por assédio sexual ao MP-SC.
O professor, ex-sargento da reserva da PM, está afastado da faculdade. Ele já foi premiado por combater assédio na corporação, teve o celular apreendido e está proibido de se aproximar e de fazer qualquer contato com as vítimas e testemunhas da investigação.
A polícia já colheu 18 depoimentos: dez eram de vítimas e os outros de testemunhas. Cerca de 15 estudantes se mobilizaram, mas algumas desistiram temendo represálias. Para o delegado à frente do caso, Pedro Alves, as condutas atribuídas ao professor podem ser enquadradas como importunação sexual, assédio sexual, ameaça, perseguição e violência psicológica contra a mulher.
Os advogados de defesa de Lotin negam as acusações e alegam que o professor não ofereceu vantagem acadêmica, não ameaçou, não intimidou e não coagiu ninguém, “O que se tem contra o investigado é apenas uma narrativa incriminatória”, dizem.
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