Por: Ygor da Silva Coelho
Um dia, já num passado distante, cogitou-se mudar o nome de Cruz das Almas. Lembro-me das sugestões, algumas belas, outras estranhas: Santa Cruz, Santa Cruz do Planalto, Agrolândia… Felizmente, prevaleceu a tradição e a história. E me convenci de não haver necessidade de mudar, ao ouvir argumentos óbvios:
– Traduza os nomes de cidades algumas atraentes do mundo e verá como soam mais estranhos que o nosso!
Outro sólido argumento contra a mudança de nome foi o fato de Cruz das Almas já ser mundialmente conhecida, por conta das instituições existentes, como a histórica Escola de Agronomia e a Embrapa, além da agroindústria fumageira. Quem no mundo científico não leu um artigo ou viu uma pesquisa desenvolvida nessas instituições de Cruz das Almas, esteja na América, Europa, Ásia ou África?
Cruz das Almas é comentada no Brasil e no exterior, particularmente no meio acadêmico. O que há de se lamentar é que o seu potencial turístico não é devidamente explorado.
Lembro de quantas excursões recebíamos na Embrapa de importadores de frutas da Alemanha, Espanha e Japão que vinham com o objetivo de conhecer as frutas tropicais inexistentes nas regiões de clima frio. Um tipo de turismo gastronômico. Na época, montávamos mesas multicoloridas com sapotis, sapotas, cajus, graviola, acerola, jaca, pitanga, umbu, mangas, jambo, fruta-pão, mangaba, sucos, doces… A exposição das frutas e delícias encantava os comerciantes e destas visitas resultaram diversos negócios.
Mas o nosso potencial vai mais adiante. Vai também no sentido de um turismo cultural, para destacar a cidade que poucos conhecem. Nem mesmo seus moradores. Quantos já visitaram um painel de azulejos do artista Udo Knoff, o segundo maior painel do interior da Bahia, localizado na feira municipal, exatamente onde fica o açougue Bella Carne? A importância disso? Um painel do mesmo Udo Knoff localizado na Estação Rodoviária de Feira de Santana é tombado pelo Patrimônio Histórico! Quantos visitam a Mata de Cazuzinha com o olhar que merece o resquício de Mata Atlântica que ameniza nosso clima?
Não é a primeira vez que abordo o potencial turístico de Cruz das Almas. E não será a última. Acabo de chegar de Baturité, no Ceará, onde visitei o museu daquela cidade, instalado na Estação Ferroviária, um prédio do período imperial. A nossa estação não é tão antiga, mas é igualmente relevante, talvez até mais, Segundo historiadores de Feira de Santana, as estações de Feira e de Cruz das Almas foram projetos do fantástico Oscar Niemeyer. O construtor de Brasília! Recuperar a Estação Ferroviária é obra necessária e urgente! Urgentíssima!
E para finalizar fica a ressalva. Por que Baturité e tantas outras cidades pequenas têm sua história contada em museus e nós não temos?
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