130 anos após ser impedido de exercer suas atividades sacerdotais, padre Cícero Romão Batista, considerado um símbolo da crença popular, iniciou uma nova peregrinação em sua trajetória de fé. Ele recebeu o aval do Vaticano para o início do seu processo de beatificação.
O homem que descobriu a vocação religiosa aos 12 anos de idade e morreu aos 90 anos, em 1934, antes de ter reconhecida a sua reconciliação com a Igreja, passa agora a receber o título de “servo de Deus”. Este é considerado o primeiro passo concreto até à canonização oficial.
Quem anunciou o fato foi o bispo da Diocese do Crato, dom Magnus Henrique Lopes, durante missa na manhã deste sábado (20/08) no Largo Capela do Socorro, em Juazeiro do Norte, no interior do Ceará.
A notícia foi acompanhada pelos aplausos de uma multidão emocionada que lotava a praça do lado de fora da Igreja. Padre Cícero, reverenciado por muitos como “Padim Ciço”, já é considerado um santo pelo povo, a quem é atribuído até os dias de hoje diversos milagres e graças.
O primeiro deles teria ocorrido em 1º de março de 1889, durante uma missa, quando ele entregou à religiosa Maria de Araújo uma hóstia que, segundo a crença popular, se transformou em sangue na boca dela. O episódio que ficou conhecido como o “Milagre da Hóstia”, e que teria se repetido em outras ocasiões, foi considerado inicialmente uma farsa pela Igreja, o que acabou levando ao afastamento dele de suas atividades sacerdotais, sob acusação de desobediência às regras eclesiais.
Padre Cícero faleceu no dia faleceu no dia 20 julho de 1934. Juazeiro do Norte ficou pequena para tanta gente. Para as rezas em nome de sua alma. Naquele dias, o sertão de romarias e fé chorou e lamentou a perda do Padim.
O padre Wesley Barros, sacerdote da Diocese do Crato e responsável pelo processo de beatificação de Menina Benigna, lembra que somente em 2001 é que foi formada uma comissão para preparar a revisão histórica sobre Padre Cícero. Cinco anos depois, em 30 de maio de 2006, a documentação foi entregue à Santa Sé, junto a uma petição de cerca de 254 bispos brasileiros pedindo um “gesto concreto de reconhecimento ao papel de Padre Cícero” na expansão da fé cristã.
Demorou oito anos para que fossem concluídos os estudos da revisão e indicar a necessidade de uma reconciliação histórica, para poder averiguar a possibilidade de uma beatificação. O reconhecimento do título de servo de Deus é considerado o primeiro passo para a beatificação oficial de Padre Cícero.
Mas há ainda um longo processo investigativo a ser cumprido pela Igreja Católica, que passa pela análise da sua biografia e a comprovação de seus feitos.
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