Nesta quinta-feira, 8, o Jornal Zero75 esteve na cidade de Cachoeira, acompanhando a situação de alguns bairros que foram afetados pela chuva da noite anterior, 7. Os bairros impactados foram a Baixa da Olaria, Vila 25, Os Três Riachos, Caquende e Alto da Levada.
Moradores relataram o susto que sentiram com o grande volume de água, que resultou na perda de móveis e em prejuízos nas moradias. Animais como cobras, ratos e escorpiões foram vistos dentro das casas. Muitos residentes se mobilizaram para ajudar uns aos outros, e a primeira assistência veio de vizinhos. Segundo os moradores, a causa do alagamento é um riacho que passa por baixo das casas; o grande volume de chuva fez a água invadir os lares.
Ana Paula, moradora do Bairro Três Riachos, afirmou que não conseguiu salvar nada e, com a ajuda dos vizinhos, conseguiu sair de casa. Outra moradora, Tupira, disse que ainda estava se recuperando da enchente que ocorreu em 2022 e, novamente, perdeu tudo. Devido à força da água, foi necessário fazer um buraco na parede do fundo da casa para permitir que a água escorresse, uma ação que foi adotada por outros moradores.
A parte alta dos Três Riachos também foi atingida, e era possível ver a extensão dos danos pela grande quantidade de móveis e lixo espalhados pelas ruas. Por causa da enchente que ocorreu há três anos, os moradores construíram batentes para impedir a passagem da água, mas, na noite passada, algumas casas precisaram ser quebradas para tentar se livrar da água que chegava ao nível dos joelhos.
Os moradores da Baixa da Olaria reclamaram da falta de assistência; segundo eles, ninguém da assistência social ou da prefeitura compareceu ao local. Os próprios moradores estavam abrindo os esgotos para que a água pudesse escorrer. Dona Maria Grande disse que “a favela da Olaria está abandonada” e que, com toda essa situação, ninguém foi verificar como os moradores estavam. “Aqui vem água do morro; tem boca de lobo aí, e quando vem essas águas, isso aqui desce, capaz de levar uma pessoa”. Ela também relatou que seu irmão, que é cadeirante, precisou ser socorrido às pressas, pois a água entrou pela porta dos fundos da casa.
Os moradores da Olaria afirmaram que foi prometida a construção de uma alvenaria para impedir que a água e o barro descessem durante as chuvas, mas nada foi feito até o momento. A Vila 25 também sofreu com a chuva, e a lama preta tomou conta de toda a rua. Com a previsão de chuvas contínuas até o final de semana, os moradores já se preocupavam em enfrentar tudo novamente, já que, quase no final da tarde, não havia sido resolvido o estrago da noite passada.
Do outro lado da cidade, em Caquende e Alto da Levada, moradores e praticantes da religião de matriz africana pedem socorro para resolver os problemas nas encostas e nas estradas que levam aos terreiros. Com a chuva de ontem, parte da casa do Terreiro Aja Ifé caiu, e a casa principal foi tomada pela lama. Segundo Thaylsson Simbalaê, antes da chuva, ofícios foram enviados à prefeitura solicitando uma retroescavadeira para remover o entulho da encosta do Alto da Levada, mas nenhum atendimento foi dado.

Dona Marinalva Cerqueira, moradora do Caquende, falou ao jornal sobre a situação do esgoto que desce em frente à sua casa, onde a forte chuva traz fezes, tornando a situação insuportável. Ela vive com o mau cheiro, já que sua casa fica em frente à escadaria que dá acesso ao Alto da Levada.

Três carros-pipa estavam na rua principal do Três Riachos e alguns profissionais de limpeza se encontravam em uma única parte do bairro. O Secretário de Serviços Públicos, Roberto Roque, comentou sobre as medidas tomadas assim que soube do ocorrido: “Infelizmente, tivemos essa situação da tromba d’água, que atingiu diversas casas e localidades. Diante das circunstâncias, toda a Secretaria de Ordem e Serviço do Município viabilizou assistência a todos os moradores, especialmente aqueles que foram atingidos, utilizando medidas de limpeza e apoio”.
O secretário também abordou o problema do lixo jogado nas ruas, que acaba entupindo as bocas de lobo: “Infelizmente, são os moradores que ainda não têm a consciência de que não devem jogar lixo de maneira clandestina”, finalizou o secretário.
Mais moradores da Baixa da Olaria e do Caquende relataram que a coleta de lixo é insuficiente; na Olaria, o gari utiliza um carro de mão até certo ponto do bairro, enquanto em Caquende alguns moradores preferem queimar o lixo a descer a ladeira para colocá-lo no local apropriado.
Os moradores afetados pela chuva pedem soluções imediatas e que o poder público se apresente nos bairros abandonados, especialmente neste momento difícil. Eles solicitam que a ajuda não seja condicionada a interesses partidários, ressaltando que um governante deve trabalhar para todos.
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