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Prefeitura de cidade da Bahia atrasa salários, mas gasta mais de R$ 1 milhão com festa

A Prefeitura de Quijingue, no interior da Bahia, enfrenta críticas por atrasar os salários de servidores públicos e, ao mesmo tempo, organizar a tradicional “Festa de São Sebastião”, que ocorre nos dias 21 e 22 de janeiro. Segundo denúncias do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Quijingue (SINSPUQ), os vencimentos de dezembro ainda não foram pagos, gerando protestos e ações junto ao Ministério Público.

A gestão do prefeito José Romero Rocha Matos Filho, conhecido como Romerinho (Avante), afirma não ser responsável pelo atraso dos salários, atribuindo a situação à gestão anterior, na qual o próprio Romerinho atuou como vice-prefeito. Por meio de nota, a administração declarou que responde apenas pelos atos realizados a partir de 1º de janeiro.

Servidores realizaram manifestações pelas ruas da cidade, cobrando os pagamentos pendentes. O SINSPUQ rebateu a alegação do governo, destacando que “a administração pública é regida pelos princípios da legalidade e da impessoalidade” e que o município deve honrar suas obrigações financeiras.

Edenilson Soares, presidente do sindicato, lamentou a situação: “Nem os mercados estão vendendo mais aos servidores”, disse ao Portal do Casé.

Um levantamento do Portal do Casé, baseado no Diário Oficial, revelou que a Prefeitura destinou aproximadamente R$ 1 milhão para a festa, incluindo R$ 280 mil para Solange Almeida e R$ 220 mil para Tayrone, entre outros artistas. Contratos sem licitação, como o de R$ 155 mil para estrutura de palco, também foram realizados.

O Tribunal de Justiça da Bahia chegou a suspender o evento após pedido do Ministério Público, mas a decisão foi revertida pela presidente da Corte, desembargadora Cynthia Maria Pina Resende, que autorizou a realização da festa. Ela argumentou que a suspensão próxima à data causaria prejuízos à municipalidade.

Em 6 de janeiro, a Prefeitura decretou estado de emergência financeira, mencionando dívidas deixadas pela gestão anterior e dificuldades para manter serviços essenciais. Promotores de Justiça destacaram a “desproporcionalidade” entre a crise declarada e os gastos elevados com a festa.

O Ministério Público criticou o uso de recursos em um município que depende de verbas federais para lidar com a seca e manter serviços básicos. “Não é natural que o município, em grave crise, tenha respaldo financeiro para despesas de R$ 1 milhão com um evento”, argumentaram os promotores Sabrina Bruna de Oliveira Rigaud e Geraldo Zimar de Sá Júnior.

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