A Polícia Federal afirma que um dos militares envolvidos no plano para matar o presidente Lula (PT), o vice, Geraldo Alckmin (PSB), e o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes usou dados de outra pessoa para habilitar um celular usado na comunicação do grupo.
De acordo com relatório policial que respaldou a Operação Contragolpe, deflagrada nesta terça-feira (19), o tenente-coronel Rafael Martins de Oliveira, então major, cadastrou o aparelho em nome do dono de um carro com quem se envolveu em acidente de trânsito na rodovia que liga Brasília a Goiânia.
Os investidores afirmam que a conduta “converge com o processo de ‘anonimização’, técnica prevista na doutrina de Forças Especiais do Exército que possui como finalidade não permitir a identificação do verdadeiro usuário do prefixo telefônico”
O uso dos dados, segundo afirmou a PF, foi identificado após a apreensão de celular em poder de Oliveira em fevereiro passado, quando foi realizada a Operação Tempus Veritatis, fase anterior da investigação que tem o objetivo de identificar os responsáveis pela trama golpista.
Os peritos identificaram no telefone duas imagens, fotos da carteira de habilitação de Lafaiete Teixeira Caitano e de um certificado de licenciamento de veículo.
Após pesquisas, os investigadores obtiveram junto à Polícia Civil de Goiás a informação de que Caitano e Oliveira se envolveram em acidente de trânsito em 24 de novembro de 2022, pouco depois das 22h, na BR-060, em localidade conhecida como Sete Curvas, perto de Brasília.
A polícia concluiu, então, que as imagens haviam sido obtidas em razão do ocorrido e seguiu em pesquisas. Os agentes solicitaram dados do celular associado a teixeiralafaiete230, codinome vinculado ao aparelho usado nas comunicações do grupo sob investigação.
A empresa confirmou que o aparelho foi cadastrado em 8 de dezembro daquele ano “exatamente em nome de Lafaiete Teixeira Caitano, condutor envolvido no mencionado acidente”.
O relatório da PF afirma que “a equipe de investigação chegou à conclusão de que Rafael de Oliveira utilizou os dados de Lafaiete Teixeira Caitano, terceiro de boa-fé, para habilitar número telefônico que, posteriormente, foi utilizado na ação clandestina do dia 15 de dezembro de 2022”. A reportagem tenta localizar a defesa de Oliveira.
Os investigadores afirmam que os militares envolvidos na trama chegaram a se posicionar para supostamente agir naquele 15 de dezembro. A partir das 20h33, os suspeitos informaram estar em seus postos. A operação foi cancelada, no entanto, às 20h59.
“Às 20h57min, Áustria [o condinome de um dos suspeitos na troca de mensagens] escreve: ‘Tô perto da posição. Vai cancelar o jogo?’, possivelmente querendo saber se a ação iria ser cancelada. Dois minutos depois, o número sob o nome ‘teixeiralafaiete230’, apontado como líder da operação, responde: ‘Abortar… Áustria… volta para local de desembarque… estamos aqui’.”
O grupo trocou mensagens com a informação de que a sessão do STF naquele dia havia sido adiada, o que teria motivado o cancelamento da ação.
De acordo com o inquérito, as trocas de mensagens indicam que a pessoa associada ao codinome teixeiralafaiete230 exercia papel de liderança entre os responsáveis pelo plano.
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