A cada 24 horas, 11 crianças ou adolescentes são vítimas de estupro na Bahia. É o que revela o Panorama da Violência Letal e Sexual contra Crianças e Adolescentes no Brasil, lançado pela Unicef e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Segundo a pesquisa, foram 4.330 vítimas de violência sexual com até 19 anos de cidade no estado. O número é 13,4% maior do que o registrado em 2022, quando foram 3.818 vítimas.
Apesar de alarmantes, a Bahia ainda apresenta dados inferiores à média nacional. Enquanto a taxa de estupros no estado é de 110,1 a cada 100 mil habitantes, o índice brasileiro é de 116,4. A mesma pesquisa, conduzida pela Unicef, aponta que a Bahia tem mais mortes violentas de crianças e adolescentes do que São Paulo e Rio de Janeiro juntos.
A professora Dandara de Oliveira Ramos, do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ISC/Ufba), lembra que enquanto os crimes de homicídios são mais frequentes nas vias urbanas e em intervenções policias, os abusos sexuais ocorrem, em sua maioria, dentro de casa.
“Quando nos deparamos com a violência doméstica, é preciso observar a polivitimização, que é a violência que acompanha outras formas de violência. Nos dados da saúde, observamos que as crianças negras são mais vítimas de múltiplas violências”, diz a professora.
“São casos que chegam como violência física, nas unidades de saúde, e, durante o atendimento, são notificadas violência sexual, negligência, insegurança alimentar, entre outros. É um problema sistêmico, que precisa ser combatido em diversas frentes”, completa Dandara.
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De acordo com a pesquisa, os casos de estupro são mais frequentes entre crianças de 10 a 14 anos. Para essa faixa etária, a taxa é de 227,4 a cada 100 mil habitantes. Seguido de 5 a 9 anos (86,9); 0 a 4 anos (58,2) e 15 a 19 anos (55,9). O Panorama revela ainda que as meninas são as maiores vítimas.
“A partir dos cruzamentos de raça/cor e sexo, os resultados evidenciam a maior prevalência de violência sexual entre meninas brancas dentre os quatro grupos analisados na faixa etária até 19 anos. A taxa para crianças e adolescentes brancas do sexo feminino é de 144,2 estupros por 100 mil. Para as meninas negras, o valor cai um pouco e fica entre 121,3 casos por 100 mil. Em ambos os casos, contudo, são valores de 6 a 7 vezes maiores do que as taxas identificadas para o grupo masculino”, diz a pesquisa.
Fonte: Forte na Notícia
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