Por Ygor da Silva Coelho
Nove mil funcionários, dois mil pesquisadores, mais de quarenta unidades de pesquisa no Brasil, inclusive algumas no exterior. Esse era o tamanho da Embrapa na minha época.

Fonte: Revista Cultivar
Eu ainda estava na ativa quando, num determinado dia, o telefone tocou no meu gabinete, em Cruz das Almas. Do outro lado da linha, o presidente de toda estrutura que mencionei acima, um dos fundadores da Embrapa, o Dr. Eliseu Roberto de Andrade Alves. Levei um susto, a princípio não acreditei no que ouvia:
- É para agradecer a atenção que você deu a Nuno Casassanta, dinâmico e inovador empresário do Norte de Minas. Ele me informou da satisfação que teve no contato com a Embrapa Mandioca e Fruticultura.
Honrado e sem jeito, respondi… - Presidente, fiz apenas o que o senhor ensinou!
Eu havia atendido o empresário Nuno Casassanta sobre cultivo de limão Tahiti e ele me havia dito que levaria ao conhecimento de Eliseu Alves a sua satisfação. De fato, assim fez.
Mas o mérito da história não era meu, que cumpria apenas o meu papel e minha rotina. Como é de tantos agrônomos e extensionistas rurais pelo Brasil afora.
O mérito do que agora relato está no presidente Eliseu Alves, fundador da mais importante empresa de pesquisa do hemisfério sul, cientista que elevou o Brasil à categoria de um dos maiores produtores de alimentos do mundo, ganhador de prêmios internacionais e, por outro lado, também capaz de telefonar para dar atenção a um simples pesquisador.
Como disse o mestre da administração, o aclamado consultor Peter Drucker, “quando você vê um negócio bem sucedido é porque alguém, algum dia no passado, tomou uma decisão corajosa.”
É o caso de Eliseu Alves. Se vivemos atualmente uma fase áurea na agropecuária e colhemos os frutos é por conta daqueles que tomaram decisões corajosas.
Mas administrar não é só tomar decisões difíceis, também é acenar com a simplicidade de quem conhece os pilares da administração: prever; organizar; coordenar, conhecer e satisfazer os clientes.
Hoje, quando percebo o silêncio dos telefones e dos canais de atendimento de instituições públicas ou privadas, ignorando quem lhes paga o salário, lembro do meu Presidente Eliseu! Quanta diferença, Presidente!
Obrigado por suas lições, obrigado pelo agronegócio brasileiro e pela Embrapa que criou.
*Texto dedicado a Humberto Alves (Betinho), meu competente estagiário na Embrapa, que também fez parte dessa história.
Compartilhe esta notícia
Aviso: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Jornal Zero75. É vetada a postagem de conteúdos que violem a lei e/ ou direitos de terceiros. Comentários postados que não respeitem os critérios podem ser removidos sem prévia notificação.