Devoção. Essa é a palavra para descrever a procissão da memória da Santa Dulce dos Pobres, que levou diversos fiéis até a Basílica da Conceição da Praia, no Comércio, em Salvador, na manhã chuvosa desse domingo (4). Os fiéis assistiram à missa solene às 7h no Santuário Santa Dulce dos Pobres, no Largo de Roma, e seguiram em direção ao primeiro local em que o corpo da Santa foi abrigado, no dia 15 de março de 1992, quando ela foi sepultada.
Eles percorreram o mesmo caminho que os milhares de seguidores fizeram quando foi realizado o último adeus à santa baiana. A chuva deu uma trégua e o sol abrilhantou a caminhada, com fé, música e muita emoção. Enquanto tentava organizar a saída da imagem da Santa, o frei Ícaro Rocha falou rapidamente com o CORREIO sobre a emoção da caminhada. “É uma grande alegria poder celebrar a Santa Dulce, fazer essa procissão, lembrando de que o corpo da Santa saiu daqui [Largo de Roma] até a Conceição da praia e lá foi o local onde tanta gente louvou e agradeceu não só a ela, como também a Deus. Então, para nós, é uma alegria muito grande ver o povo também enchendo nosso coração de alegria em pleno domingo”, comentou.
Enquanto alguns devotos caminhavam com os terços, outros cantavam as músicas aos pulmões cheios, já Gerson Nito, de 78 anos, apareceu na procissão de bicicleta, com a imagem da Santa na frente, como sempre fez desde o começo da devoção por ela. Segundo o fiel, seu amor por Santa Dulce – e por Santa Luzia – começou, justamente, após conseguir se curar de uma enfermidade no olho, que quase o deixou cego. “Eu sou devoto de Dulce, de Santa Luzia e de Santo Antônio. Eles me curaram há mais de 30 anos. Tive um problema na vista, sabe? Depois que pedi para eles, melhorei e sigo caminhando”, disse.
A trajetória de Irmã Dulce foi marcada pelos esforços em garantir saúde e minimizar o sofrimento dos menos favorecidos. Dessa forma, a freira percorria cada rua, viela e avenida de Salvador, sendo considerada uma santa, antes mesmo do reconhecimento da Igreja. Foi assim que Oswaldo Lima observou que poderia ser mais um seguidor da palavra e do trabalho social de Santa Dulce, especialmente depois que precisou passar por uma internação para tratar um câncer no intestino. Desde então, ele tem se dedicado completamente às Obras Sociais da Irmã Dulce.
“Sempre soube de Santa Dulce, mas minha devoção foi despertada entre 2004 e 2005, quando estava hospitalizado e um padre do hospital orou para Nossa Senhora, pedindo intercessão por minha saúde. Eu pedi para que ela me ajudasse e o resultado foi que, no dia seguinte, o meu intestino normalizou e não precisei ser reoperado”, explicou.
Aposentado desde 2006, Osvaldo que, atualmente, tem 71 anos, decidiu abrir uma conta no Facebook com o próprio nome para começar a divulgar e propagar todas as coisas que a irmã Dulce fez e tem feito com os seus fiéis. No espaço, ele divulga datas de missas, eventos, orações e sobre o muito amor que nutre pela Santa.”Hoje em dia, temos que nos apegar à alguma coisa, principalmente a fé. A humanidade já está cheia de problemas e, se não se apagar a Deus e à Dulce, fica mais difícil. É bom relembrar que ela era requisitada aqui na Cidade Baixa, principalmente, por aqueles que viviam nas ruas, aqui na Barão de Cotegipe, por exemplo, onde tinha uma quantidade imensa de pessoas desabrigadas”, finaliza.
Quem também fez questão de participar da procissão foram os fiéis integrantes do Santo Pedal, que saíram do Dique do Tororó de bike e foram em direção ao Santuário, com trio elétrico e músicas católicas para agradecer a intercessão da primeira santa brasileira.
O casal Luiz dos Santos,76, e Olívia Macedo, 63, também tinham uma história de fé e muito agradecimento para fazer. Ela foi diagnosticada com lúpus eritematoso sistêmico ainda com 15 anos e, desde então, luta contra a doença. Eles percorreram juntos o trajeto desde o Santuário até a Basílica para agradecer a vida. Não bastasse, a condição auto-imune, Olivia ficou 63 dias sem se mexer na cama, após um acidente vascular cerebral (AVC). Dois meses depois, ela deu um ultimato à Santa Dulce: ou voltava a andar ou poderia levá-la para ficar ao lado do Senhor Jesus Cristo, já que tinha ainda quatro coágulos na cabeça. Para a surpresa de muitos, a fala de Olívia não foi comprometida e o pedido foi atendido.
“A partir daquele momento de desespero, ela pediu para sentar, conseguiu ficar sentada sem ninguém segurar direito. Depois, deu os primeiros passinhos e, com muita fé, pediu para ver Santa Dulce. Quando chegamos lá, demoramos uns 30 minutos entre a saída do carro até a porta da igreja, mas com esforço, Olívia conseguiu. Os médicos tratam ela como um verdadeiro milagre, porque tem os coágulos e segue andando, trabalhando e vivendo tranquilamente”, enaltece o marido.
Fonte: Correio
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