Uma das épocas preferidas dos baianos está chegando. O São João é uma festa comemorada no dia 24 de junho, em homenagem ao santo catolico São João Batista, conhecida por sua mistura de elementos religiosos e culturais.
Uma das manifestações mais tradicionais da festa junina são as quadrilhas, conhecidas por suas danças, suas coreografias, trajes coloridos e muita música. O surgimento traz raízes de Portugal e, na Bahia, começou a partir da caricatura das Danças nos Salões das Cortes, como explica o presidente da Federação Baiana das Quadrilhas Juninas (FEBAQ), Carlos Brito.
“As quadrilhas juninas surgiram na Bahia e em todo Nordeste brasileiro através da caricatura das Danças nos Salões das Cortes espalhadas pelas grandes fazendas do nosso interior. Foi se espalhando pelo interior e foi ganhando cada vez mais visibilidade nas festas juninas”, detalhou em entrevista ao BNews.
Ao se tornarem bastante populares na região do Nordeste, principalmente na Bahia, as quadrilhas juninas passaram a protagonizar competições que acontecem no período entre os meses de junho e julho. No estado, há cerca de 160 quadrilhas filiadas à FEBAQ e 80 recadastradas.
“A FEBAQ, com intuito de propagar cada vez mais a imagem das Quadrilhas Juninas e dar uma grande visibilidade aos seus espetáculos, realiza palcos importantes para ser apresentados os espetáculos das Quadrilhas Juninas como o Campeonato Estadual de Quadrilhas Juninas da Bahia, que acontece na Praça da Revolução, no bairro de Periperi, no subúrbio de Salvador, como também Festivais Regionais, em praticamente todas as regiões da Bahia, concursos em diversas cidades do Estado, entre outras ações que promovam o Movimento Junino.”, disse Carlos.
COMPETIÇÕES
O presidente da FEBAQ explica os critérios utilizados para definir a quadrilha campeã a cada ano e destaca a preparação delas para as competições juninas. “As quadrilhas se organizam iniciando com a escolha da temática e depois a contratação dos profissionais que irão desenvolver todo o trabalho”. São eles: diretor artístico, coreógrafo, figurinista, diretor musical, entre outros.
“Os trabalhos são desenvolvidas em cima dos seguintes critérios: conjunto do trabalho, musicalidade, marcador, casamento, figurino e coreografia. Sendo esses os critérios de avaliação contido no Regulamento de Competições da FEBAQ.”, continuou Carlos Brito.
O BNews conversou com representantes de duas quadrilhas juninas da Bahia, uma da capital e outra do interior, para entender a dinâmica para as competições e importância de manter a tradição viva ao longo dos anos.
ABC DO FORRÓ
Uma dessas quadrilhas que competem há muitos anos é a ABC do Forró. Fundada em em Salvador, ela começou o movimento de gincanas da primavera, como detalha a presidente Mariette Lima. “O Forró do ABC” é uma quadrilha que surgiu na década de 80, é 9 de maio de 1982, e ela é uma quadrilha que veio do movimento de gincanas da primavera no bairro do Pau Miúdo. O seu presidente, Zé Lima, ele era uma pessoa que gostava muito de eventos, de festas, de movimentar o bairro, e juntamente com seus amigos, Lessa, Lau, Rosalvo, resolveram criar uma quadrilha para brincar o São João e alegrar a comunidade. E aí, assim surgiu o Forró do ABC, com essa reunião de amigos, fundando esta junina maravilhosa”, contou ao BNews.
Com diversos prêmios, como Arraiá Da Capitá, Arraiá do Galinho, Arraiá ao Pé da Fogueira e título nordestino, o grupo tem como o lema “Fundamental é ser feliz!”. “Por que “fundamental é ser feliz”? Todo o trabalho do Forró do ABC sempre é pensado como um trabalho, como um espetáculo para ganhar, mas temos que reconhecer que às vezes o trabalho da outra junina está melhor. Então, nós temos esse lema. Ganha o que tiver melhor de fato, mas se esse título tão sonhado, tão buscado não venha, o nosso São João não pode acabar por isso. A gente não pode fazer uma quadrilha só pensando em títulos, mas também na alegria, na felicidade de brincar o São João.”
Questionada sobre o que as quadrilhas juninas representam para a Bahia e para o povo baiano, Mariette ressaltou: “A quadrilha junina, ela é família, ela é resiliência, ela é amor, ela é resistência. Nós do movimento junino, das quadrilhas, nós somos resistentes a essa manutenção. E elas representam as quadrilhas, elas representam muita importância dentro desse processo cultural e educacional do nosso estado e também do nosso São João.”
BUSCAPÉ
Já a Buscapé é uma quadrilha junina, fundada na cidade de Juazeiro, em 2006, e já foi campeã diversas vezes de um concurso local da cidade. Em contato com o BNews, a presidente da instituição, Zenaide Rosa, contou um pouco da história do grupo.
“Buscapé é do bairro Quidé de Juazeiro, foi fundada em 2006, pelo desejo dos meus dois filhos, Demian Jordan e Scarlet Ozana. Esse desejo aflorou dos adultos e suas apresentações de quadrilha junina. A partir daí fui convidada por eles para organizar, a princípio eu queria apenas realizar o desejo deles, mas depois de pronta foi muito além de uma simples brincadeira, passamos a dançar nas festas juninas do bairro e aniversário”, disse.Questionada sobre as expectativas sobre o São João deste ano, a presidente não esconde a empolgação. “Não tem como não criar as melhores expectativas. A cada ano acreditamos superar o ano anterior e esse ano isso fica mais forte por termos no elenco 50% dos brincantes novatos, que estarão pisando em um arraiá pela primeira vez. Pode dar certo ou não, já que a junina não possui recursos e nem tão pouco um apoio financeiro vindo de parceiros, não participamos de muitos concursos e iremos apenas onde podermos arcar com o transporte.”, ressaltou.
Já sobre a importância do São João, Zenaide destacou que a época abre os olhos para essas cidades do interior. “O período do São João é uma das datas mais esperadas do ano, pois mobiliza todas as pessoas a voltarem seus olhares para o interior, sobretudo sua cultura, as pessoas se aproximam mais, parece até que é o período que as pessoas abrem mais o coração para amar, sem contar que movimenta todo o comércio.”.
“As quadrilhas juninas é um elemento bem forte do período junino, pois mobiliza um alto público seja como brincante ou expectador, além de movimentar toda a cadeia econômica, que vai de contratação de mão de obra às compras no comércio. As quadrilhas juninas também é um espaço de grandes possibilidades, permitindo aos seus participantes desenvolver suas habilidades, como maquiagem, cabelo, costuras, composição de canções, montar e dirigir o espetáculo, seu dom de criar figurinos, customizações e vestimentas. Enfim, as quadrilhas juninas são um grande espaço cultural e plural.”, finalizou a presidente da Buscapé
Fonte: BNews
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