A Federação Única dos Petroleiros (FUP) defendeu ontem que o governo federal realize uma ação coordenada no sentido de reestabelecer percentuais maiores de conteúdo nacional na indústria naval brasileira. Para o coordenador da FUP, Deyvid Bacelar, essa medida pode influenciar nas encomendas da Petrobras e de outras petrolíferas do país.
A proposta foi discutida com representantes do governo, instituições, empresas e sociedade civil, no Conselho Regional dos Técnicos, no Rio de Janeiro, onde foi realizado mais um Fórum pela Retomada da Indústria Naval Brasileira.
“Há ainda muitos problemas em relação ao conteúdo local. Temos convicção de que os navios, sondas e plataformas podem ser construídos em nosso país”, disse Bacelar, informando que há uma série de propostas apresentadas pela Frente Parlamentar em Defesa da Indústria Naval, entre as quais a sugestão de que haja uma tributação maior na compra de equipamentos importados.
“Defendemos também uma menor taxa de juros no crédito oferecido pelo fundo da Marinha Mercante para construção das embarcações aqui no Brasil. Nós temos vários programas de incentivos fiscais para a indústria automobilística, por que não podemos ter também incentivos fiscais para a indústria naval?”, questionou Bacelar, apostando que, com as ações em andamento, “é possível que nos próximos meses tenhamos encomendas realizadas pela Petrobras já aqui dentro do Brasil. Nosso país precisa voltar a ocupar o primeiro lugar no ranking mundial da indústria naval”.
Estaleiros
De acordo com coordenador geral da FUP, “há estaleiros desde o Belém do Pará até o Rio Grande do Sul, onde poderemos ter uma gigantesca geração de emprego e renda”. Bacelar recorda que no governo anterior houve evasão de postos de trabalho na ordem de 1 milhão e 500 mil. “Esses trabalhadores foram contratados por China, Japão, Cingapura, Coreia do Sul”, lamenta.
Na Bahia, Deyvid Bacelar vem liderando um movimento pela retomada imediata das atividades no Canteiro de São Roque, em Maragogipe. “É preciso que nossos estaleiros retomem as obras, não somente a construção de navios, plataformas e sondas, mas também o descomissionamento de algumas plataformas da Petrobras”, observa, lembrando que o Canteiro de São Roque, em Maragogipe (BA), chegou a gerar 7500 empregos diretos. “Trabalhadores e trabalhadoras que ajudaram a construir sondas e plataformas em Maragogipe já podem ir se preparando porque a qualquer momento teremos de volta esses empregos de qualidade com boas remunerações aqui na Bahia”.
Canteiro de São Roque
Com 400 mil metros quadrados de área industrial, e dotado de uma infra-estrutura capaz de oferecer uma série de vantagens para o desenvolvimento de empreendimentos de grande porte, o canteiro de São Roque contribuiu para reativar a indústria naval, gerando emprego e renda no Recôncavo baiano. Em 2009 foram construídas duas plataformas auto-elevatórias no local, a P-59 e a P-60, com investimentos da ordem de R$1,7 bi, na época. Havia também projetos de reforma das plataformas Petrobras III e XIV, além da construção do complexo de unidades que atenderiam os campos marítimos de Camorim e Dourado, em Sergipe.
Do Canteiro, partiram as estruturas fundamentais da primeira fase de exploração da Bacia de Campos. Em meados de 2003, foi efetivada a construção de obras como a plataforma de Peroá-Cangoá (PPER-01), destinada à produção de gás no estado do Espírito Santo, a plataforma de Rebombeio Autônoma (PRA-1), implantada recentemente na Bacia de Campos (RJ), e a Plataforma do Campo de Manati (PMNT-01), já instalada em Cairu (BA).
O canteiro era uma opção para a construção de estruturas “Offshore” da Petrobras, devido à demanda elevada de construções navais no país e a oferta limitada de estaleiros e canteiros de obras.
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