Cruz das Almas

Mães atípicas: conheça a jornada, dores e coragem de seis ‘mães especiais’ do TeAceito

A TEAceito – Associação Casa dos Autistas de Cruz das Almas é um ponto de apoio para a comunidade autista, incentivando a inclusão social na sociedade cruzalmense. Cada mãe atípica tem sua própria história e enfrenta desafios únicos, mas todas demonstram resiliência. Enxergam nas dificuldades uma oportunidade de lutar por um mundo mais justo para seus filhos e para si mesmas. Juntas, essas mulheres unem forças para superar os obstáculos diários de serem mães atípicas, mostrando sua dedicação não apenas em abril, mas ao longo de todo o ano, adaptando-se constantemente às necessidades de seus filhos.

Silvia Karla Almeida, professora e mãe de Heitor, uma criança com dupla excepcionalidade, renasceu como mãe após o diagnóstico de seu filho. Ela se tornou uma militante da causa, estudando sobre o autismo para ajudar seu filho e melhor compreendê-lo. Silvia fala sobre a solidão da maternidade atípica, a falta de apoio da sociedade e a luta constante pelos direitos de seu filho.

“Pela sociedade, entre a família, a gente está numa luta constante para fazer com que os direitos sejam assegurados, para que nossos filhos sejam respeitados, para que ele não sofra violência, então isso é muito extenuante.

Karla ainda faz um apelo à sociedade para que essa luta seja com ela e não como ela, pois é uma luta extenuante, cansativa e dolorosa, uma caminhada solitária, sendo que o acolhimento vem uma das outras. “Eu quero que a sociedade lute comigo como mãe atípica, eu quero que o poder público lute comigo para garantir as necessidades das crianças com autismo, das crianças que estão no espectro, eu quero que o setor de saúde lute comigo, se preparando para receber meu filho. Então, eu quero que o serviço público, eu quero que o mercado dê trabalho, eu quero que a escola, eu quero que todos os espaços lutem comigo, porque lutando comigo essa luta vai ser mais leve para mim”. Personalizou.

Monica Santos, confeiteira e mãe de Laurinha, dedica-se não apenas à sua filha, mas também a outras mães atípicas, fazendo trabalho voluntário no TEAAceito. Ela pretende se qualificar na área social para lutar, mas pelas causas e fala sobre a dificuldade de aceitar a situação, mas encontra força nas pequenas conquistas de sua filha.

“Eu sou mãe solo, sou confeiteira, fiquei com ela até os cinco meses e depois de cinco anos eu parei para cuidar dela e de mim, hoje faço curso de manicure para trazer uma renda, faço parte do concelho da associação do TEAceito, dou apoio voluntário, pois é uma causa que abraça a mim a minha filha e outras famílias é uma mão lavando a outra, está ali sempre uma para ajudar a outra pretendo em nome de Jesus, me organizar e fazer um curso superior na área social, para esse olhar social, voltado para esse olhar social da causa mesmo, são planos que eu colocarei na mão de Deus e com fé em Deus eu conseguirei”, Santos.

Maria de Lurdes da Silva, mãe de Gabriel, não se considera uma guerreira, mas como a maioria dos brasileiros que enfrenta obstáculos diariamente. Ela luta para garantir uma melhor qualidade de vida para seu filho e sua inclusão na sociedade.

“Quando alguém fala que eu sou uma guerreira, eu fico, eu não sou, eu sou como a maioria, vejo a maioria dos brasileiros que luta a cada dia, tem uns obstáculos e vai vencendo. Só tem uma demanda a mais, mas isso não quer dizer que seja um empecilho”, disse”.

Talita Souza, mãe de Heitor, encontrou sua paixão na área da saúde através do diagnóstico de seu filho. Ela busca que a sociedade compreenda a diversidade neurológica e lute pelos direitos de todos, sem tratamento diferencial, mas com equidade.

“Despertou em mim o interesse em entender Heitor pelo campo científico/saúde. Então, fui buscar alguns cursos na área, mas me deparei com alguns que eram restritos a profissionais da área de saúde. Foi assim que, em 2023, ingressei no curso técnico de enfermagem, com a perspectiva única e exclusiva de entender o TEA pelo lado clínico. Meu maior objetivo como mãe atípica é que as pessoas entendam que as neurodiversidades fazem parte da nossa sociedade e que todos precisam de acesso e meios para exercer seus direitos. Não é que eu queira tratamento diferencial, mas sim equidade para todos. Às vezes, observo as pessoas tratando o autismo como se fosse apenas em crianças, mas é necessário entender que os autistas serão adultos e precisam ter essa oportunidade de se inserir na sociedade de forma justa e com oportunidades”.

Lidiane Teles, mãe de Rian, valoriza as pequenas conquistas de seu filho e busca garantir seus direitos e sua dignidade. Ela enxerga no autismo ensinamentos valiosos e uma perspectiva diferente da realidade. “Para que eu pudesse buscar parcerias, buscar ajuda, saber lutar pelos direitos e, ainda que o autismo pareça duro e muitas vezes tem dias que são mesmo, o autismo te ensina uma coisa linda, que é valorizar as pequenas conquistas. Tudo que meu filho aprende de novo, ainda que para a sociedade comum pareça uma coisa simples, aí eu parabenizo meu filho, bato palmas para ele, porque cada pequena conquista dele, nós enquanto pais, eu meu esposo, a gente aprendeu a valorizar cada pequena conquista”, afirmou.

Daianne Barbosa, mãe de Eloisa, escolheu lutar após o diagnóstico de sua filha, recusando-se a aceitar as limitações impostas. Ela busca superar os obstáculos e garantir um futuro brilhante para sua filha, mesmo diante das adversidades.

“Lutar foi o caminho escolhido para essa mãe que ouviu do profissional de saúde que sua filha ia ter limitações que levaram ao luto.” O médico falou que a minha filha não iria ser alfabetizada, que minha filha poderia convulsionar várias vezes e simplesmente nós saímos do luto e fomos à luta. Nós decidimos que iríamos lutar e, nesse meio tempo, aos três anos, quando eu descobri o diagnóstico de Eloisa, eu já tinha Ester, finalizou.

É preciso falar daquelas mães que enfrentam seus medos, que superam seus limites, que pensam em desistir, mas seguem em frente com determinação e fé inabalável. São mulheres que sofrem diariamente com a pressão de uma sociedade preconceituosa, que tenta ditar como devem viver, tanto elas quanto para seus filhos. Mesmo assim, elas continuam sua jornada, enfrentando os desafios com um sorriso no rosto hoje e lágrimas nos olhos amanhã. Passam pelo luto, mas muitas vezes são ignoradas pelas pessoas ao redor. São mães atípicas, dispostas a tudo por seus filhos, mostrando sua força e amor incondicional a cada passo dado.

Compartilhe esta notícia

Aviso: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Jornal Zero75. É vetada a postagem de conteúdos que violem a lei e/ ou direitos de terceiros. Comentários postados que não respeitem os critérios podem ser removidos sem prévia notificação.

Publicidade

Mais lidas