Uma plataforma que conecta rendeiras, marisqueiras, artesãos, quituteiras, pescadores e demais artífices de Saubara, Bom Jesus dos Pobres e Acupe (distritos de Saubara e Santo Amaro) diretamente com o consumidor final. Trata-se do Catálogo Digital, lançado na última sexta-feira, dia 5, durante solenidade de certificação dos 150 beneficiários do Projeto Recôncavo Conectado, uma ação do governo do estado por meio da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre). O evento aconteceu na Casa de Cultura de Saubara e, além dos beneficiários, contou com a presença de autoridades locais e representantes da Setre.
O projeto teve investimento de R$ 500 mil, através do Fundo de Promoção do Trabalho Decente (Funtrad), e foi dividido em duas etapas: as 15 oficinais de qualificação e a construção da plataforma Recôncavo Conectado, para divulgação e comercialização dos produtos e serviços ofertados pelos artífices e profissionais diversos.
As oficinas presenciais ministradas em parceria com o Instituto Popular do Recôncavo (IPR) tiveram objetivo de capacitar as pessoas para comercialização de seus produtos ou serviços, ambientação com o meio digital e gestão do próprio negócio digital, e passaram por temas como Cidadania e Direitos Humanos, Trabalho Decente, Inclusão Digital, Qualidade no Atendimento e Técnicas de Vendas. Além da formação, todos receberam ajuda de custo no valor de R$ 200, no formato de cartão vale-alimentação.
O passo seguinte foi o da construção da plataforma Recôncavo Conectado, a partir da qual os 150 artífices e profissionais ofertam produtos e serviços. Através do endereço www.reconcavoconectado.com.br é possível pesquisar por localidade (Saubara, Acupe e Bom Jesus dos Pobres) e, sem seguida, verificar os fornecedores de produtos ou serviços como rendeiras, marisqueiras, artesãs, quituteiras, vendedor de produtos de limpeza artesanal, entre muitos outros.
A partir de um computador é possível se comunicar com quem oferta os produtos ou serviços via aplicativo WhatsApp. Já em um aparelho de smartphone, a comunicação pode ser feita por WhatsApp ou ligação telefônica.
A negociação é realizada diretamente entre cliente e quem vende o produto ou serviço. Assim, imagens de produtos, preços e modos de envio ou retirada são abertos. Apesar de utilizar a ferramenta tecnológica , a conexão orgânica do cliente com o fornecedor do produto ou serviço mantém viva a cultura do “pechinchar” preços.
Ao mesmo tempo, possibilita a que artigos e produtos tradicionais como, por exemplo, as peças de renda de bilro e artesanatos diversos possam circular além das fronteiras dos municípios. Produtos perecíveis como pescados e mariscos têm o cliente da região como consumidor principal, o que não impede que sejam realizadas encomendas e retiradas de moradores de outras localidades em situações oportunas.
O projeto Recôncavo Conectado tem como público-alvo beneficiário homens e mulheres, principalmente mulheres negras chefas de famílias, artesãs e artesãos, rendeiras, marisqueiras, quituteiras, pescadores e membros de grupos culturais nas localidades de Saubara (50), Acupe (50) e Bom Jesus dos Pobres (50).
Uma das beneficiárias é Maria do Carmo Amorim, 75 anos, natural de Saubara, que tece renda de bilro desde menina, ofício que aprendeu com a mãe. As mulheres de sua família tecem renda com bilros há pelo menos cinco gerações, assim como muitas rendeiras da região. A produção das rendeiras, contudo, ainda encontra dificuldades de circulação.
“Esta ideia [plataforma Recôncavo Conectado] é muito boa porque estamos precisando escoar o trabalho. A renda de bilro é um trabalho delicado e às vezes, caro, feito para quem tem um poder aquisitivo alto. Mas com a plataforma a gente vai focar no público com um poder aquisitivo mais baixo, que possa ter acesso”, diz dona Maria, que recebeu certificado pela participação nas oficinas.
As três principais metas do projeto são a ampliação de possibilidades de empreendedorismo sustentável, a redução dos efeitos da precarização do trabalho e o desenvolvimento da tecnologia social de economia criativa. Para a realização das oficinas e construção da plataforma, Instituto Popular do Recôncavo (IPR) contou com apoio de órgãos e instituições, tais como a Casa da Cultura de Saubara, Casa das Rendeiras de Saubara, Biblioteca Comunitária Anna Sironi e Casa do Nêgo Fugido.
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