Acabei o giro pela cidade na minha caminhada matinal. Já não me surpreende o mato no passeio do professor, o lixo na porta do cientista, o entulho na calçada do político que já correu o mundo e parece que não assimilou nada lá fora.
-Lixo virou hábito, uma questão cultural! Assim tenta explicar-me um “erudito” de plantão…
Mas mantenho a rotina das caminhadas, tirando a vista dos maus hábitos e me concentrando no que há de belo. É quando me defronto com o terreno de Silvana Antar. Poderia ser apenas um lote vazio, cercado por um muro. No entanto, ela fez do muro um poema. Construiu com tijolinhos à vista, pintou um detalhe com cor vibrante, fez um canteiro de flores na frente, o desenho de um regador, no portão cresce uma guirlanda e por detrás pitangueiras florescem.
Algumas ruas adiante, já próximo à Catedral, outra iniciativa me surpreende pela beleza: Sombrinhas multicoloridas enfeitam o céu e a calçada de um restaurante.
É por atitudes assim que a gente se apaixona por cidades como Gramado-RS, Joinville-SC, Monte Verde-MG, dentre outras. Por lá vemos samambaias, orquídeas e hortênsias penduradas nos postes de iluminação.
Enquanto caminho relembro que quando cheguei a Cruz das Almas a população era de pouco mais de 20 mil habitantes. Embora menino, procedente das terras do cacau, senti na cidade um ar aristocrático, resultado da educação e da influência universitária, razões da minha vinda.

O crescimento mudou Cruz das Almas. Hoje se aproximando dos 80 mil habitantes, a cidade ganhou movimento, comércio dinâmico, clínicas, escolas, novas faculdades e gente nova. Por outro lado, perdeu clubes, cinemas, um antigo charme “Belle Époque”, tranquilidade e tudo mais que caracteriza uma cidade grande.
O tempo passa, a economia é competitiva, e Cruz das Almas ainda precisa vencer barreiras, desenvolver seu potencial, inclusive turístico.
É por isso que, quando vemos atos de amor e de cidadania, como vi hoje, cresce a nossa capacidade de acreditar e de sonhar.
Que cada munícipe seja um agente, um protetor desse outrora paraíso, semeando ações, plantando flores, colhendo admiração.
Parabéns, Silvana Antar! Ah, se todos fossem iguais a você! A cidade seria outra!
Compartilhe esta notícia
Aviso: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Jornal Zero75. É vetada a postagem de conteúdos que violem a lei e/ ou direitos de terceiros. Comentários postados que não respeitem os critérios podem ser removidos sem prévia notificação.