Por: Ygor da Silva Coelho
Voltava ontem em passo apressado do centro da cidade para casa. Ao chegar, passei a me perguntar porque ultimamente volto às pressas para casa? Não foi difícil chegar à conclusão que a cidade vem perdendo a sua poesia, os atrativos, a cordialidade, o prazer de nela caminhar.
Sofro ao dizer isso, sou cruzalmense de coração, amo a cidade que me adotou, que me deu conforto, bens e me possibilitou constituir família.
Mas sofro porque não “passo batido”, indiferente ao coletivo, como muitos que chegaram apenas para usufruir, estudar, ganhar dinheiro. No grupo dos indiferentes há os que não foram lapidados com lições de amor e não assimilam que cuidando e zelando tornariam Cruz das Almas ainda mais bela, essa cidade que foi projetada para ser encantadora.
No meu habitual roteiro sou obrigado a descer do passeio em frente à casa de um empresário que aqui se estabeleceu. A cidade natal do empresário, no sul do país, é um brinco, é atração turística, visitada por milhares de brasileiros. Mas vivendo na Cruz das Almas que o acolheu, nem o passeio ele recupera. Se fosse no seu “sul maravilha” ele deixaria a sua calçada do jeito como aqui está?
Não é fácil entender certas razões comportamentais! Embora rica e culta, o que torna a pessoa incapaz de enxergar que um pedestre pode se acidentar gravemente na sua porta e por sua culpa? Estou falando de um empresário, mas o perfil se encaixa em políticos locais e outros que se consideram VIPs, mas deixam entulho na porta, sem se envergonhar do feio cartão de visita.
Uma faxina geral é necessária. Em toda cidade há placas desbotadas pelo tempo, fiações dependuradas, restos de construções e propagandas das eleições de seis meses atrás permanecem em postes e paredes.
A manutenção da praça principal, já dita como a mais BELA do interior da Bahia, está esquecida. A exuberante Mata de Cazuzinha sofre invasões e danos.
Procuro me encantar cada vez que saio. A regra para encontrar a felicidade na vida é se encantar com algo a cada dia. Mas caminhando pela minha querida cidade o encantamento não está fácil. Hoje, mais uma vez, tentei tirar uma foto da Catedral, recentemente pintada com a core azul do manto de Nossa Senhora, mas foi impossível. Camionetes e “topics” tomavam a frente da nossa mais antiga construção.
A feira municipal, invejável patrimônio econômico e cultural, necessita de mais zelo.
O caótico trânsito precisa ser respeitado, os estacionamentos racionalizados.
O mundo é competitivo, as cidades se organizam, disputam prestígio e novas fontes de renda. É inegável que houve progresso em Cruz das Almas nos últimos anos. Mas é preciso acelerar o ritmo, ganhar posições no ranking das cidades mais ricas do Estado da Bahia.
Potencial temos, como poucas cidades possuem! Temos ciência, conhecimentos, instituições federais, infraestrutura, localização privilegiada e exemplos dignificantes de muitos que nos antecederam. Esses são quesitos capazes de tornar Cruz das Almas um grande centro. Um dos maiores!
Prevalecendo a união e o bom-senso não seria fácil outras cidades nos alcançarem. Mas, se não pensarmos grande, se não sonharmos alto, é óbvio que seremos ultrapassados.
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