A Copa do Catar ainda nem começou e os brasileiros já têm motivos para se preocupar com 2026. De acordo com uma informação do comentarista Caio Ribeiro, divulgada na terça (15), a seleção brasileira já tem um nome para comando técnico após o mundial: Mano Menezes. A apuração do ex-jogador chamou atenção, porque o treinador, que já comandou o Brasil de 2010 a 2012, era visto como carta fora do baralho nessa sucessão ao Tite.
No comando da seleção, Mano venceu 21 partidas, empatou seis e perdeu outras seis, tendo um aproveitamento de 69% dos pontos. No currículo, ele leva duas taças do Superclássico das Américas, de 2011 e 2012, e uma medalha de prata nas Olimpíadas de 2012, embora tenha fracassado na Copa América de 2011 e a seleção tenha registrado uma queda histórica no ranking da FIFA sob sua gestão.
No último ciclo de Copa os números de Mano também não impressionam. Ainda no fim de 2018, o treinador levantou sua última grande taça, com a conquista da Copa do Brasil pelo Cruzeiro. Em 2019, ainda foi campeão mineiro com a raposa, mas participou de grande parte da campanha que culminou no primeiro rebaixamento da história do clube.
Apesar do péssimo rendimento com o Cruzeiro no Brasileirão, Mano “caiu para cima” e foi contratado pelo Palmeiras, que tentava perseguir o Flamengo de Jorge Jesus. Apesar do bom aproveitamento de 63% dos pontos, o treinador durou apenas vinte jogos no comando alviverde, sendo demitido antes do fim do campeonato.
Mano demora para se recolocar no mercado e só volta a atuar em setembro de 2020, quando aceitou uma proposta do Bahia, 15º colocado, tentando afastar o clube da zona de rebaixamento. Porém, o plano não deu certo e Mano foi demitido após 24 jogos, eliminado da Copa Sul-Americana e no 16º lugar do Brasileirão, com apenas 36% dos pontos conquistados ao longo da sua passagem.
Com essa sequência de trabalhos contestáveis, Mano saiu um pouco do holofote nacional ao aceitar uma proposta do Al Nassr, da Arábia Saudita, retornando apenas em abril deste ano, ao fechar com o Internacional. Desde a sua saída do Cruzeiro, esse é o primeiro bom trabalho do treinador no país, mudando o clube de patamar e chegando ao vice-campeonato brasileiro, com 64% dos pontos conquistados no 44 jogos que disputou.
Porém, não é razoável alçar um treinador à seleção brasileira porque ele fez um único bom trabalho em quatro anos e foi vice-campeão brasileiro. Nem mesmo apelando para o retrospecto dele com a seleção um possível chamado se tornaria mais plausível. O Brasil tem nomes mais qualificados e em melhor fase para assumir o cargo e alguns deles também já estão sendo especulados.
De acordo com a apuração da jornalista Raísa Simplício, do Goal, os três nomes que mais agradam a CBF são Abel Ferreira, do Palmeiras, Fernando Diniz, do Fluminense, e Dorival Júnior, do Flamengo. O próprio presidente da entidade, Ednaldo Rodrigues, admitiu que eles estão no radar, mas colocou “outros dez nomes” como candidatos, sem citá-los nominalmente.
Entre os três, Fernando Diniz é o que teve o ciclo mais tímido, com bons trabalhos no São Paulo e no Fluminense (2022) e com frustrações no Vasco, Santos e no próprio tricolor das laranjeiras, ainda em 2019. Diniz se credencia como opção mais pelo modelo de jogo do que pelas conquistas, visto que não tem nenhuma taça de primeira grandeza em seu currículo. O “Dinizismo” agrada até a principal estrela brasileira, Neymar Júnior, que já saiu em sua defesa do técnico nas redes sociais ao dizer que “gosto muito do Diniz como treinador, pena que no Brasil não dão tempo suficiente”.
Já o Dorival Júnior é cotado mais pelo momento atual, em que desponta como atual campeão da Libertadores e da Copa do Brasil pelo Flamengo, porque o restante do ciclo foi frágil. Dorival fechou 2018 com um bom trabalho no próprio Fla, mas não teve continuidade. Voltou a trabalhar apenas em 2020, pelo Athletico, onde durou apenas 18 jogos no cargo, com 55% de aproveitamento e um título estadual. Após mais um ano sabático, o treinador retornou em 2022, pelo Ceará, fazendo um bom trabalho até ser contratado pelo Flamengo para substituir Paulo Sousa.
Por fim, Abel Ferreira começou o ciclo levando o Braga para a Liga Europa e partindo para o PAOK, da Grécia. Por lá, fez um bom trabalho, chegou a ser vice-campeão nacional, mas não conquistou taças. Ainda assim, entrou no radar do Palmeiras e assumiu o alviverde após a saída de Vanderlei Luxemburgo em outubro de 2020. O resto é história. Pelo Palestra, até aqui, o português conquistou um paulista, uma Copa do Brasil, uma Recopa Sul-Americana, um Brasileirão e duas Libertadores. Em termos de títulos no ciclo, Abel não tem concorrentes.
O nome dele é tão cogitado na seleção que até a presidente do clube, Leila Pereira, já se pronunciou sobre e deixou as portas abertas: “é claro que eu liberaria [o Abel para a seleção]. Eu acho que seria uma honra para qualquer profissional e até para um clube, servir ao nosso país. Eu não tenho receio, nem um pouco, o que eu quero é o melhor para o profissional”.
Qualquer um desses três nomes seria mais compreensível como sucessor do Tite que o Mano Menezes. O que me tranquiliza é ver que a informação do Caio Ribeiro, até agora, foi amplamente rechaçada pelas partes envolvidas. Em entrevista à Rádio Guaíba, o próprio treinador disse que não teve nenhum contato sobre isso. O cartola Andrés Sánchez, que, segundo Caio, reassumiria a direção da CBF, também desmentiu o comentarista, dizendo que a notícia “não procede”. Inter e CBF também negaram, assim como o empresário do treinador.
Com isso, não estou dizendo que a informação de Caio Ribeiro era falsa, até porque é comum vermos as fontes oficiais despistando os jornalistas, ainda mais às vésperas da Copa do Mundo, mas tenho a esperança de que, se for verdade, a repercussão negativa pode frear o acordo do técnico com a entidade. Em 2012, após a saída de Mano, optamos pelo retorno de Felipão dez anos após sua passagem pela seleção e sabemos qual foi o resultado. Que tenhamos esse caso sempre em mente para não repetirmos o mesmo erro.
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