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Edson Gomes completa 70 anos e reafirma laços com Cruz das Almas

Edson Gomes completa 70 anos de vida nesta quarta-feira (3) e, com ele, o reggae brasileiro celebra também sua história viva. Natural de Cachoeira, no Recôncavo Baiano, o artista é considerado o maior nome do reggae nacional. Sua música, combativa e consciente, atravessa gerações e resiste ao tempo com a força de quem traduz em versos as lutas sociais do povo negro e periférico.

Cruz das Almas foi palco de shows e também um refúgio afetivo para Edson em diversos momentos. Além das apresentações marcantes nas décadas de 1980 e 1990, ele retornou à cidade em 2017, quando arrastou uma multidão à Praça Multiuso com suas poesias em forma de reggae. Mas sua relação com a cidade ia além dos palcos: Edson batia o baba das nove no velho Estádio Alberto Passos, frequentava bares locais ao lado do saudoso Itamaratan, então presidente do Cruz das Almas Clube, e cultivava amizades com figuras da comunidade.

O desportista Jurandi do INSS relembra com naturalidade os encontros no campo:

“Vi muitos babas com ele jogando. Na maioria, só vinham pra bater baba de domingo às 9h. Se ele jogou aqui em algum time, foi no Vitória, mas não tenho certeza. Eles vinham era pra bater baba das nove, viu?”

As letras de Edson Gomes chegaram muito antes dos livros às periferias brasileiras. A cientista e educadora Bárbara Carine, em uma homenagem emocionante, reconheceu o impacto formativo de sua obra:

“A música do Edson Gomes chegou onde o Capital, de Karl Marx, não chegava. Quando fui entender o que eram classes sociais, Edson já tinha me ensinado na quebrada. Antes de estudar sobre violência policial, ele já cantava sobre isso. Edson foi meu primeiro professor de sociologia do Brasil.”

Aos 70 anos, Edson Gomes segue sendo muito mais do que um cantor. É símbolo de resistência, cronista das dores e dos sonhos da população negra, e uma das vozes mais autênticas do Brasil. Cruz das Almas, cidade que o acolheu, também faz parte dessa história um lugar onde o rei do reggae não apenas se apresentou, mas viveu e deixou sua marca.

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